Artista volta ao Recife para cantar músicas de autores consagrados e também da nova geração
Thu May 05 06:00:00 BRT 2016 - Camila Estephania, da Folha de Pernambuco
Assista ao vídeo de Ney cantando “Roendo as Unhas”
Foram poucas as vezes em que
Ney Matogrosso passou mais de dois anos sem lançar material inédito ao
longo da sua carreira, que já soma mais de 40 anos. Os maiores hiatos da
sua discografia se resumem aos intervalos entre “Quem Não Vive Tem Medo
da Morte” (1988) e “As Aparências Enganam” (1993) e entre “Vagabundo”
(2004) e “Inclassificáveis” (2008). Ainda assim, o espírito inquieto do
artista tratou de preencher essas lacunas com outros projetos
paralelos, que não chegaram a virar disco.
Há três anos na estrada com a turnê do álbum “Atento aos Sinais”,
lançado em 2013, o cantor volta a Pernambuco com o show do disco pela
terceira vez esta noite, às 21h, no Teatro Guararapes. Algo incomum na
trajetória do músico que diz ser desapegado aos repertórios, mas que
respeita o desejo do público. “Esse é o show que passei mais tempo
fazendo e não estou conseguindo parar de fazer. Se ele estivesse em uma
descendência, eu pararia, mas cada vez que me apresento, surgem novos
convites. Suspeito que o sucesso é porque é meu primeiro trabalho
intencionalmente ligado com o mundo, antes, sempre fiz minha viagem
particular”, avalia Ney, que não alterou a estrutura da apresentação,
tendo só aumentado o bis.
Em “Atento aos Sinais”, o cantor interpreta composições de autores
consagrados, como Itamar Assumpção e Paulinho da Viola, em “Isso não vai
ficar assim” e “Roendo as Unhas”, respectivamente; e de revelações,
como “Freguês da Meia-Noite”, de Criolo, e “Samba do BlackBerry”, de
Rafael Rocha e Alberto Continentino. Essa última foi orginalmente
gravada pela banda Tono, de Bem Gil, com a qual Ney veio pela última vez
ao Recife, para participar do show dos cariocas no festival No Ar
Coquetel Molotov do ano passado. Além de viver um momento em que dialoga
mais intensamente com a nova geração da música, o cantor também
selecionou o repertório buscando abordar temas atuais, que refletem
sobre o estado político e comportamental da sociedade.
A abertura com “Rua de Passagem”, de Arnaldo Antunes e Lenine, que versa
sobre a igualdade de direitos, anuncia desde o início da apresentação o
tom da performance. “Quando escolho uma música, decido pela letra.
Abordo esses assuntos, mas sigo meu caminho, quero divertir o público,
porque está tudo muito estranho no Brasil. O que a gente está assistindo
é uma tristeza, é a política em um nível tão baixo que dá vergonha. Não
dá para defender ninguém”, opina Ney, que ainda tem datas para o show
de “Atento aos Sinais” até o segundo semestre, mas já semeia algumas
ideias para o próximo álbum, sem previsão de lançament
Nenhum comentário:
Postar um comentário