A DEMOCRACIA DA EMOÇÃO - por Ilza Kozik
A democracia da emoção é mais ampla e mais igualitária, portanto, mais justa. Promove a aproximação entre os povos de diferentes culturas e geograficamente distintos. Não reconhece status, glamour, classe social ou hierarquia, não importa o ter, mas o ser.
A
democracia das opiniões, é parlamentar e tradicional, onde se exprime
argumentos sobre um tema para que haja um debate e uma conclusão. É o governo
do povo por meio de seus representantes legitimados pelo voto.
A democracia da emoção é mais ampla e mais
igualitária, portanto, mais justa. Promove a aproximação entre os povos de
diferentes culturas e geograficamente distintos. Não reconhece status, glamour,
classe social ou hierarquia, não importa o ter, mas o ser. É capaz de aproximar
orientais e ocidentais, albinos e pardos, nobres e plebeus, habitantes das
cidades e do campo. Dispõe a todos o conhecimento, pois através dela qualquer
um pode se tornar uma pessoa pensante e critica. Acessível, fascina porque
importa sentir, saber o que se sentiu quando se diz algo, ou quando alguém diz
algo. Permite pensar e expressar o pensamento. É sociável e baseada na
expressão de sentimentos. É a lógica da emoção. Trata-se de uma circulação de
emoções e afetos onde impera o diálogo e os estímulos.
A
democracia da emoção, tem de ser comum na família e na escola. Em casa, é incumbência
da família criar vínculos entre pais e filhos, no “cara a cara”, onde deve
imperar o diálogo, a educação e a proteção. Ensinar o que é certo e errado,
justo e injusto, conhecer limites, optar por ocupações saudáveis.
“O papel dos grandes
predadores, como leões e leopardos, depende da infância que tiveram. A emoção
borbulhante dos filhotes, expressa pelas brincadeiras, cria vínculos com sua
mãe e irmãos e facilita o processo de aprendizagem, complementando os traços
geneticamente determinados. Esse processo os prepara para a árdua e diária luta
pela sobrevivência”. (Cury, 2010)
O
adulto humano também age genética e emocionalmente de acordo com os vínculos
criados na infância, por isso a família e a escola possuem papel relevante na
sua formação.
A
escola tradicional, é um ambiente pouco permissível a essa nova lógica da
emoção. O diálogo entre professor e aluno ainda não é primordial na relação de
ambos, uma das razões do fascínio pela democracia social das redes.
Em
meio a isso, uma escola mais dinâmica pode ser promovida onde o importante é a
relação aluno e professor, ambos aprendizes das inovações e das mudanças. Uma
escola que permita experimentar, fazer e refazer, até chegar a novas
descobertas que lhes proporcionem a satisfação do aprender e do ensinar. É esse
ponto de equilíbrio que, com certeza, abre caminhos para compreender e fazer
uso desse processo de mudanças rápidas que se supera a cada dia.
A
democracia da emoção está também nas redes sociais. E nestas se consegue criar
vínculos de afinidades. Revelações e trocas de sentimentos são feitos com base
na confiança para e com pessoas, muitas das quais, nem se conhece, mas não são
feitas com familiares e professores. Com relação a isso, tanto a família quanto
a escola devem orientar os mais jovens de que arquivos guardados nas redes
podem ser plagiados, copiados ou mesmo desaparecer. Pessoas podem não ser
verdadeiras, mentes perigosas podem agir no sistema, laços afetivos podem não
ser reais e muito mais.
O
mundo do Google é um recurso a ser utilizado pela escola, mas importante mesmo
é o professor, porque a informação sem a transformação que ele oferece não
forma o aluno. O professor é um formador vital, mais do que nunca, na era da
Internet e a mesma não o substitui.
A
democracia da emoção, cada vez mais, ganha espaços, é necessário então,
compreendê-la e fazer uso dela de forma saudável.
Ilza
Kozik
Pedagoga
e especialista em Ecologia e Educação Ambiental
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