terça-feira, 18 de julho de 2017

A DEMOCRACIA DA EMOÇÃO - por Ilza Kozik

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 A democracia da emoção é mais ampla e mais igualitária, portanto, mais justa. Promove a aproximação entre os povos de diferentes culturas e geograficamente distintos. Não reconhece status, glamour, classe social ou hierarquia, não importa o ter, mas o ser.



A democracia das opiniões, é parlamentar e tradicional, onde se exprime argumentos sobre um tema para que haja um debate e uma conclusão. É o governo do povo por meio de seus representantes legitimados pelo voto.


 A democracia da emoção é mais ampla e mais igualitária, portanto, mais justa. Promove a aproximação entre os povos de diferentes culturas e geograficamente distintos. Não reconhece status, glamour, classe social ou hierarquia, não importa o ter, mas o ser. É capaz de aproximar orientais e ocidentais, albinos e pardos, nobres e plebeus, habitantes das cidades e do campo. Dispõe a todos o conhecimento, pois através dela qualquer um pode se tornar uma pessoa pensante e critica. Acessível, fascina porque importa sentir, saber o que se sentiu quando se diz algo, ou quando alguém diz algo. Permite pensar e expressar o pensamento. É sociável e baseada na expressão de sentimentos. É a lógica da emoção. Trata-se de uma circulação de emoções e afetos onde impera o diálogo e os estímulos.


A democracia da emoção, tem de ser comum na família e na escola. Em casa, é incumbência da família criar vínculos entre pais e filhos, no “cara a cara”, onde deve imperar o diálogo, a educação e a proteção. Ensinar o que é certo e errado, justo e injusto, conhecer limites, optar por ocupações saudáveis.


“O papel dos grandes predadores, como leões e leopardos, depende da infância que tiveram. A emoção borbulhante dos filhotes, expressa pelas brincadeiras, cria vínculos com sua mãe e irmãos e facilita o processo de aprendizagem, complementando os traços geneticamente determinados. Esse processo os prepara para a árdua e diária luta pela sobrevivência”. (Cury, 2010)


O adulto humano também age genética e emocionalmente de acordo com os vínculos criados na infância, por isso a família e a escola possuem papel relevante na sua formação. 


A escola tradicional, é um ambiente pouco permissível a essa nova lógica da emoção. O diálogo entre professor e aluno ainda não é primordial na relação de ambos, uma das razões do fascínio pela democracia social das redes.


Em meio a isso, uma escola mais dinâmica pode ser promovida onde o importante é a relação aluno e professor, ambos aprendizes das inovações e das mudanças. Uma escola que permita experimentar, fazer e refazer, até chegar a novas descobertas que lhes proporcionem a satisfação do aprender e do ensinar. É esse ponto de equilíbrio que, com certeza, abre caminhos para compreender e fazer uso desse processo de mudanças rápidas que se supera a cada dia.


A democracia da emoção está também nas redes sociais. E nestas se consegue criar vínculos de afinidades. Revelações e trocas de sentimentos são feitos com base na confiança para e com pessoas, muitas das quais, nem se conhece, mas não são feitas com familiares e professores. Com relação a isso, tanto a família quanto a escola devem orientar os mais jovens de que arquivos guardados nas redes podem ser plagiados, copiados ou mesmo desaparecer. Pessoas podem não ser verdadeiras, mentes perigosas podem agir no sistema, laços afetivos podem não ser reais e muito mais.


O mundo do Google é um recurso a ser utilizado pela escola, mas importante mesmo é o professor, porque a informação sem a transformação que ele oferece não forma o aluno. O professor é um formador vital, mais do que nunca, na era da Internet e a mesma não o substitui.


A democracia da emoção, cada vez mais, ganha espaços, é necessário então, compreendê-la e fazer uso dela de forma saudável.
 Ilza Kozik


Pedagoga e especialista em Ecologia e Educação Ambiental

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