quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

ETEPAM: NOSSA ESCOLA QUERIDA!



Salve, oh templo, escola querida!
Nossa Escola Industrial, muito amada.
Bussola fiel das nossas vidas
Que por nós será sempre lembrada!...







Este é o primeiro verso do hino da Escola Industrial Governador Agamenon Magalhães (EIGAM) que nos anos 70 fora alterada para Escola Técnica Prof. Agamenon Magalhães ( ETEPAM) e em seguida passou a matricular pessoas do sexo feminino que até então só aceitava alunos do sexo masculino.


A EiGam foi um exemplo bem sucedido do modelo de Escola de tempo Integral, onde os alunos durante um período do dia frequentavam as aulas de cultura geral e após o almoço de boa qualidade servido no restaurante da própria instituição de ensino,  frequentavam as oficinas de cursos profissionalizantes e duas vezes por semana participavam de aulas de Educação física no páteo, ou, no campinho de futebol, nos fundos da escola e eu mais  alguns alunos ainda participávamos  do coral da Escola (orfeão) sob a batuta dos Maestros Lima ou do Mário Câncio, que ensaiavam no período noturno após a janta, completando para esses alunos o total de 14 horas no estabelecimento escolar.


O ambiente era de perfeita integração entre alunos e mestres sob uma disciplina férrea acompanhada de perto pelos inspetores, senhores Romildo, Oscar, Batista e Nilton e cada turma era monitorada por dois alunos que nos intervalos das aulas mantinham a disciplina de forma ordeira, amigável, de muito respeito entre professores, mestres, supervisores, monitores e colegas de classe e não havia Bulling. O uniforme era da cor do fardamento do Exercito Brasileiro, o verde oliva, e o corte de cabelo obrigatório  ” Jack dempsy” e antes de ingressar nas salas de aulas todos se mantinham perfilados no páteo da escola e cantavam o hino nacional brasileiro até serem conduzidos pelo monitores das turmas. 


A escola está instalada na Avenida João de Barros, no bairro da Encruzilhada num prédio adequado para estabelecimento de ensino sendo muito arejado com ótima iluminação e ventilação, tendo formado centenas de alunos para exercerem a sua cidadania e seus conhecimentos profissionais.


Constatamos com tristeza que alguns ex-governadores de Pernambuco não dedicaram atenção a escola que quase foi sucateada e ameaçada de fechamento.


No ano de 1958 eu iniciei meus estudos no curso de preparação para o primeiro ano ginasial e não  consegui permanecer na escola por motivos de saúde e pelo falecimento da minha genitora que após esse triste episódio a minha família foi temporariamente desestruturada e somente no ano de 1962 voltei a estudar no primeiro ano ginasial, na turma “A” e mais uma vez tive que interromper   meus estudos por motivos de saúde, retornando a frequentar a Escola no ano de 1963, no primeiro “B”.


 Naquele ano o Diretor da Etepam era o Professor Mário Conceição e na minha turma lecionavam os professores João Dionísio (matemática); Andrelino Menezes (Inglês); Zuleide Castelo Branco  (Ciências biológicas); Gastão (História); (Geografia, português, Desenho técnico, OSPB e Educação moral e cívica) não me recordo dos nomes.


Durante a minha permanência como estudante na ETEPAM cultivei muitos amigos e o aprendizado nos cursos profissionalizantes nas oficinas de torneiro mecânico, fundição e tipografia adquirido naquela Escola foi muito útil para mim na profissão de ourives que exerci por longos anos.


Guardo muitas lembranças da minha turma do 1º “B”, um grupo muito animado e unido onde a prática do futebol de campo foi preponderante para nossa amizade. Passados 55 anos depois e tendo me ausentado por 18 anos, residindo no estado de São  Paulo, ainda recordo-me dos nomes de muitos colegas daquela maravilhosa e inesquecível turma: Lembro-me do Edson Timbó, zagueirão do nosso time; do Finfa, de Santo Amaro; do Carlos Berenguer; Boris, Aldecir, Alcides, Edson, grande lateral esquerdo; Rozendo, Aldemário, Benedito, Edmilson Ferreira e outros que recordo-me da fisionomia mas esqueci-me dos nomes. 


 Nossa  convivência quase diária nas  brincadeiras, nos “rachas” e nas “peladas” num campinho improvisado num terreno baldio na Avenida Norte  era muito amigável e respeitosa.  Quando largávamos mais cedo e   havia   treino do time profissional  do Clube Náutico Capibaribe, no estádio dos Aflitos, a maioria dos alunos iam assistir aos treinos.


Os professores de educação física, o Capitão Tará, ex centro avante do santa cruz e o tenente Edson, todos os anos organizavam um torneio de futebol de campo entre as turmas da escola   para escolher as turmas campeã e a vice-campeã e neste ano de 1963 fui indicado pela turma do 1º “B”para ser o técnico da equipe que disputou o torneio. Ao longo da semana treinamos no campinho e no sábado com inicio ás 8 horas o torneio foi realizado. Tivemos dois problemas para a escalação da nossa equipe pela ausência do goleiro Ailton e por ter sofrido uma contusão no joelho direito não pude jogar na minha posição de médio volante, então, substitui o Ailton na posição de goleiro.

 
Vencemos a primeira partida por 1x0, com um golaço marcado pelo cracasso do time, o Claudionor, conhecido por Noca, filho do seu zé dos pobres, do bairro de Águas compridas, em Olinda.


 Na segunda partida enfrentamos uma equipe muito forte capitaneada pelo craque Deda, que jogava no juvenil do náutico e algumas vezes jogou pelo time profissional dos aflitos. Diante a superioridade da equipe adversária e da ausência de alguns jovens na nossa equipe jogamos na retranca nos defendendo e somente o craque do time, o Noca, na frente, tentando fazer o nosso gol.


 O Noca que era primo do Gena, lateral direito do náutico e do Geovan que estava jogando no Palmeiras de São Paulo, era um exímio cobrador de penalties, daí a nossa tática de tentar segurar o jogo no 0x0 para decidir na cobrança de pênaltis. Naquela época cada equipe apresentava apenas um cobrador para os 5 penalties, atualmente, as equipes são obrigadas a apresentarem 5 cobradores


. Quando a partida se aproximava do seu final, com o placar de 0x0, num lance de infelicidade o Edmário escorregou dentro da área e caiu com mão sobre a bola. Pênalty. Uma tristeza geral tomou conta da nossa equipe pois a equipe do 1º “C” tinha o Deda que não perdia pênaltis porque ele chutava muito forte e colocado. Antes do Deda fazer a cobrança do pênalty, fizemos uma “catimba” provocando o mesmo para irrita-lo que ficou zangado e avisou que iria chutar forte no centro do gol para jogar-me com bola e tudo nos fundos da rede.  Diante o aviso do Deda, o Mestre Baza da tipografia e vários colegas  aconselharam-me a abandonar a meta pois o Deda possuía um chute muito potente   e  poderia até me matar porque eu  era muito magro e  meu apelido era Maguinho.


Não abandonei a meta e quando o juiz autorizou a cobrança foquei na bola e nos movimentos do corpo do Deda que ao tomar uma longa distancia da bola sinalizou que realmente daria um potente chute e numa tarde muito feliz consegui “advinhar”  a direção da bola e num voo espetacular, de munheca, conseguir desviar a bola para escanteio!



O mestre   Baza e vários colegas entraram em campo para abraçar-me, foi a glória!!!



        Escrito por Cláudio Lima.


        Café com Claudinha / recordações de 40 anos de militância


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