sexta-feira, 23 de março de 2018

A Batalha da Fabes - Ipiranga, e o grito de Claudinha.

                                          Museu do Ipiranga -  São Paulo - Fotos: Arquivo Google


Numa tarde de  sábado, ensolarada, aos 23 dias  do mês de Março, nos meados dos anos 80, na sede da Fundação de Assistência ao bem estar Social (Fabes), do aristocrático e histórico bairro do Ipiranga, na capital paulistana, foi palco de uma batalha selvagem e irracional provocada por militantes da pastoral das favelas ao invadirem e tomarem de sobressalto uma assembleia de moradores de favelas convocada pelo Conselho Coordenador das Favelas de São Paulo (Corafasp) para fundação do Conselho Regional das Favelas do Ipiranga, enquanto naquela noite na maternidade do bairro, ouviu-se um grito misto de alegria e de indignação anunciando o nascimento de Claudinha.



A Assembleia se transcorria num ambiente de solidariedade e muita animação com o objetivo  de unificar e fortalecer á luta dos moradores  daquela região pela posse da terra e reurbanização das 17 favelas instaladas no bairro, quando subitamente foi invadida por dezenas de militantes, seminaristas, advogados, padres e políticos, todos identificados como membros da pastoral das favelas de São Paulo e dois políticos, o Advogado e posteriormente Deputado Federal. Antonio Mentor e a suplente de Vereadora Terezinha Martins, todos  filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT) que formaram um círculo em volta dos participantes da assembleia e em seguida ocuparam a mesa de trabalhos e expulsaram os membros da diretoria do Corafasp chamando-os de pelegos e cafajestes e agrediram com palavras ofensivas  e empurrões o presidente do Corafasp, Antonio Timóteo e o diretor cultural o padre Tranquilo Moterle, tendo um grupo de cinco pessoas se voltados  violentamente contra a minha pessoa que presidia os trabalhos e conduziram-me  até os fundos do recinto e me aprisionaram num banheiro sanitário e me mantiveram em cárcere privado até ás 18 horas, enquanto realizaram uma assembleia forjada e fundaram um conselho Regional das Favelas do Ipiranga. coordenado pela pastoral das favelas.

              Monumento do Ipiranga - São Paulo, Capital - Foto: Arquivo Google

Naquela fatídica tarde de sábado, enquanto eu enfrentava uma verdadeira batalha para fortalecimento das lutas em prol da melhoria da qualidade de vida dos moradores de favelas da região do Ipiranga, a ex-companheira Norma Lúcia, contorcendo-se de dores, agonizava em casa enquanto aguardava o meu retorno ao lar para conduzi-la  à maternidade do Hospital do Ipiranga para o nascimento da Claudinha.

No hospital, eu, e a comadre Jacira Linhares aguardávamos ansiosos na sala de espera  quando um grito vindo da sala de partos ecoou no ar e instantes depois a médica que acompanhou o trabalho de parto apresentou-nos uma bebezinha recém – nascida, de pele clara e cabelos pretos e o rosto avermelhado, esperneando e gritando  alto como quem estava anunciando ao mundo a sua chegada e indignada, talvez, com os apuros e a violência que eu havia sofrido naquela tarde pela intolerância de adversários políticos que apesar dos constantes pedidos feitos pela comadre Jacira Linhares para me libertarem do cárcere privado para que eu me retirasse do recinto para conduzir a minha companheira à maternidade, eles não atenderam.



Mas, felizmente, a Claudinha nasceu bem saudável e robusta trazendo uma enorme alegria  para todos da família, e a Norma Lúcia não ficou com nenhum problema de saúde.

Na data de hoje em que transcorre mais um aniversário da Claudinha, presto esta singela homenagem à minha querida filha, uma batalhadora incansável  que tem alcançado brilhante  sucesso em sua vida profissional e familiar e é portadora de grande senso de humanismo e de solidariedade para com todos da família e do seu circulo de amizades! Parabéns, Claudinha! Muita saúde, paz e  felicidades!!!





Foto de Claudinha..

Escrito por Cláudio Lima.

-Café com Claudinha e as recordações de 40 anos de militância.




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