quinta-feira, 10 de maio de 2018

À LUTA PELA LIBERDADE: ABOLIÇÃO DE PAPEL




A luta pela liberdade teve inicio em meados do século XVI e perdura até os dias atuais. Os quilombos e os movimentos sociais anti-racistas são provas dessa luta.



A escravidão no Brasil é um tema que a História oficial registra com base na versão do colonizador. As lutas pela liberdade, a formação dos quilombos, os movimentos abolicionistas e as contribuições da cultura afro, foram vistas como uma página a parte.

A Lei do Ventre Livre de 1871, na sua essência, apenas desobrigava os fazendeiros de sustentar as crianças negras, vistas como improdutivas. O fato de tirá-las das fazendas teria originado os primeiros meninos de rua.

O mesmo falso humanismo foi a Lei do Sexagenário de 1875 que, permitia aos fazendeiros “libertarem” os escravos idosos ou doentes. Criou-se assim, uma multidão de mendigos negros que se viram livres do trabalho escravo, mas sem ter onde morar e qualquer meio de se sustentar.

Em 1888 a situação era insustentável. A pressão política do movimento abolicionista forçava o governo do império a assinar a lei. A nobreza tinha temores de uma revolução da população negra. Os fazendeiros queriam ampliar o mercado capitalista. O Estado do Ceará havia libertado seus escravos em 25 de março de 1884. Além disso, o país abria a fronteira para a imigração de trabalhadores assalariados vindos da Europa.

Em 13 de maio de 1888 foi assinada a Lei Áurea que aboliu oficialmente a escravidão no Brasil. Sua assinatura ocorreu para dar sustentação jurídica ao fim do sistema econômico escravista que, na prática já não existia mais. Mesmo assim, foi vista como uma referencia de liberdade aos escravos ainda cativos.

Quando a lei entrou em vigor, menos de 05% da população negra era cativa. A maioria, sem condições de vida, sem trabalho e sem apoio do governo e da sociedade, já vivia nas periferias urbanas, enfrentando a pobreza e o preconceito racial. Para grande parte dessa população a situação perdura até os dias atuais.

A participação das mulheres negras escravizadas foi esquecida pela História, porém, foi de suma importância, pois elas muito contribuíram para a abolição da escravatura no Brasil. Entre elas: Dandara dos Palmares, Aqualtune, Tereza de Benguela, tia Simoa e tantas outras. Mulheres que foram esposas, mães e guerreiras. Exímias capoeiristas, hábeis no domínio das armas e líderes de grupos de mulheres guerreiras. Livres nos quilombos ou cativas nas fazendas, procuravam despertar na irmandade a consciência do direito de liberdade e participavam dos movimentos de lutas armadas pela abolição. As histórias das lutas das mulheres negras constam nos cordéis. (Arraes).



   Nos dias atuais, diversos grupos de mulheres lutam contra o racismo. Um desses grupos é Pretas Simoa: Grupo de Mulheres Negras do Cariri. “Somos mulheres negras atuantes e ativistas na região do Cariri, interior do Ceará”.
Pesquisadores procuram reescrever a história resgatando da invisibilidade política, a participação das mulheres negras nas lutas pela liberdade, omitida pela  história machista durante séculos.
Estamos na segunda década do século XXI e apesar dos avanços sociais, econômicos e políticos, ainda há muitos afro-descendentes sem acesso ao trabalho, à educação, à saúde, e a condições dignas de vida


Ilza Kozik
Formada em História e Pedagogia e especialista em Ecologia
Apoio :  Arraes - cordéis
         Mural Memória das Mulheres Negras, RJ
          UNILAB – Ceará
            Pretas Simoa

         

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