A luta pela liberdade teve inicio em
meados do século XVI e perdura até os dias atuais. Os quilombos e os movimentos
sociais anti-racistas são provas dessa luta.
A escravidão no Brasil é um tema que a
História oficial registra com base na versão do colonizador. As lutas pela
liberdade, a formação dos quilombos, os movimentos abolicionistas e as
contribuições da cultura afro, foram vistas como uma página a parte.
A
Lei do Ventre Livre de 1871, na sua essência, apenas desobrigava os fazendeiros
de sustentar as crianças negras, vistas como improdutivas. O fato de tirá-las
das fazendas teria originado os primeiros meninos de rua.
O
mesmo falso humanismo foi a Lei do Sexagenário de 1875 que, permitia aos
fazendeiros “libertarem” os escravos idosos ou doentes. Criou-se assim, uma
multidão de mendigos negros que se viram livres do trabalho escravo, mas sem ter
onde morar e qualquer meio de se sustentar.
Em 1888 a situação era insustentável. A
pressão política do movimento abolicionista forçava o governo do império a
assinar a lei. A nobreza tinha temores de uma revolução da população negra. Os
fazendeiros queriam ampliar o mercado capitalista. O Estado do Ceará havia
libertado seus escravos em 25 de março de 1884. Além disso, o país abria a fronteira
para a imigração de trabalhadores assalariados vindos da Europa.
Em 13 de maio de 1888 foi assinada a Lei Áurea que
aboliu oficialmente
a escravidão no Brasil. Sua assinatura ocorreu para dar sustentação jurídica ao
fim do sistema econômico escravista que, na prática já não existia mais. Mesmo
assim, foi vista como uma referencia de liberdade aos escravos ainda cativos.
Quando a lei entrou em vigor, menos de
05% da população negra era cativa. A maioria, sem condições de vida, sem
trabalho e sem apoio do governo e da sociedade, já vivia nas periferias urbanas,
enfrentando a pobreza e o preconceito racial. Para grande parte dessa população
a situação perdura até os dias atuais.
A participação das mulheres negras
escravizadas foi esquecida pela História, porém, foi de suma importância, pois
elas muito contribuíram para a abolição da escravatura no Brasil. Entre elas:
Dandara dos Palmares, Aqualtune, Tereza de Benguela, tia Simoa e tantas outras.
Mulheres que foram esposas, mães e guerreiras. Exímias capoeiristas, hábeis no
domínio das armas e líderes de grupos de mulheres guerreiras. Livres nos
quilombos ou cativas nas fazendas, procuravam despertar na irmandade a
consciência do direito de liberdade e participavam dos movimentos de lutas
armadas pela abolição. As histórias das lutas das mulheres negras constam nos
cordéis. (Arraes).
Nos dias atuais, diversos grupos de mulheres lutam contra o racismo. Um desses grupos é
Pretas Simoa: Grupo de Mulheres Negras do Cariri.
“Somos mulheres negras atuantes e ativistas na região do Cariri, interior do
Ceará”.
Pesquisadores procuram reescrever a
história resgatando da invisibilidade política, a participação das mulheres
negras nas lutas pela liberdade, omitida pela
história machista durante séculos.
Estamos na segunda década do século XXI e apesar
dos avanços sociais, econômicos e políticos, ainda há muitos afro-descendentes
sem acesso ao trabalho, à educação, à saúde, e a condições dignas de vida
Formada em História e Pedagogia e especialista em
Ecologia
Apoio : Arraes - cordéis
Mural Memória das Mulheres Negras, RJ
UNILAB – Ceará
Pretas Simoa
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