COSTA CITA REUNIÃO EM HOTEL NO RJ PARA ACERTAR PROPINA DE R$ 10 MILHÕES PARA PSDB
De São Paulo
Vagner Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras
Em depoimento nesta terça-feira (28) na Justiça Federal em Curitiba,
base das investigações da Operação Lava Jato, o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que o deputado
Eduardo da Fonte (PP-PE) o procurou para tratar de propina envolvendo os
rumos de uma CPI que investigava a estatal petrolífera. Primeiro
delator do esquema de corrupção desbaratado pela Lava Jato, Costa disse
que R$ 10 milhões foram repassados ao então presidente nacional do PSDB,
senador Sérgio Guerra --morto em março de 2014.
"Fui procurado, não me recordo exatamente se foi em 2009 ou 2010, pelo
senador Sérgio Guerra, no Rio de Janeiro, junto com o deputado Eduardo
da Fonte (PP-PE)", disse Paulo Roberto Costa, na audiência em que depôs
simultaneamente em cinco ações penais da Lava Jato, todas relativas ao
cartel das empreiteiras que teriam assumido o controle de contratos
bilionários da estatal.
"O Eduardo da Fonte me ligou, disse que queria ter uma conversa comigo e
marcou uma reunião em um dos hotéis lá da Barra da Tijuca. Para
surpresa minha, eu nunca tinha tido relacionamento nenhum com o Sérgio
Guerra, o senador estava lá", disse Costa.
"Isso resultou, se não me engano, em duas ou três reuniões. O pleito do
senador era que se repassasse para ele um valor de R$ 10 milhões para
que não ocorresse ou não progredisse ou não tivesse consequências uma
CPI da Petrobras neste período."
O ex-diretor afirmou que o doleiro Alberto Youssef, personagem central
da Lava Jato, não participou do pagamento. A empreiteira Queiroz Galvão
teria ficado responsável pelo repasse.
"Depois da terceira reunião, eu fiz um contato com a Queiroz Galvão, e a
Queiroz Galvão honrou esse compromisso e foi pago. Não sei qual
porcentual que foi para Sérgio Guerra, se teve porcentual para Eduardo
da Fonte. Mas foi pago R$ 10 milhões para o senador nesse período",
afirmou o delator.
Na semana passada, o delator foi condenado pelos crimes de organização
criminosa e lavagem de dinheiro oriundos de desvios de recursos públicos
na construção da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), no município de
Ipojuca, Pernambuco --emblemático empreendimento da estatal
petrolífera
alvo da Operação Lava Jato
Paulo Roberto Costa não recebeu perdão judicial, conforme solicitado
por sua defesa, e pegou 7 anos de 6 meses de reclusão. Deste total serão
descontados os períodos em que ficou preso na PF e em regime
domiciliar, que cumpre desde outubro de 2014, com tornozeleira
eletrônica.
Quando Paulo Roberto Costa citou pela primeira vez o suposto pagamento
de R$ 10 milhões, o PSDB esclareceu que não admite captação ilícita de
recursos em suas campanhas. A Queiroz Galvão nega o repasse apontado
pelo ex-diretor da Petrobras.
O deputado Eduardo da Fonte nega envolvimento na transação denunciada por Paulo Roberto Costa.
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