LITERATURA BRASILEIRA: EXTINÇÕES - POR EDUARDO GARCIA
EXTINÇÕES
Hoje vemos como profissões seculares
estão acabando, como o sapateiro, quase não se vê, os calçados hoje são
descartáveis e mais baratos.
Usam-se tênis, sandálias, muito comuns no nordeste devido ao clima.
Quantas vezes temos calçados que por
algum motivo sentimental queremos perpetuar a vida deles por mais tempo,
recordação do casamento, formatura, presente do ente querido, já possui
um assim; recorri por várias vezes a esse profissional.
Tampouco vemos muitos engraxates, são
poucos, pelo mesmo motivo, sapatos baratos, de fácil acesso com o
crediário, de couro sintético ou pomadas modernas fáceis de usar para
lustrar os mesmos.
Nas praças do Recife, e na porta da
Barbearia na Avenida Guararapes, utilize-me deles, alguns eram fixos,
outros usavam o seu banquinho e caixas móveis.
Ah, aquele velho amolador de facas e tesouras não o vejo passar, deve existir algum por aí...
Recordo-me na minha infância, quando a
minha avó o esperava todas as semanas para amolar as facas,
eventualmente as tesouras ou alicates, ela o fazia, mas não ficava
igual.
Será que ainda anda pelos bairros o
conserta panelas de alumínio, com a sua solda e cabos, ou ajeitando as
tampas das panelas de pressão?
Com a chegada dos guardas chuvas
chineses e as sombrinhas, produtos mais baratos, não temos mais a pessoa
que os consertava, e mais: aproveitam-se os tecidos para fazer bolsas.
Já ganhara um guarda chuva que para mim
era de recordação e de muita estimação, certo dia o vento o dobrou e eu
procurava perto de casa um profissional que acabou consertando duas das
hastes, por outra vez foi preciso consertar o cabo dado que não queria
desfazer-me dele.
A vendedora de Yakult, com o seu conhecido carrinho, hoje não é mais novidade e existem muitos produtos similares na praça.
A própria história do ser humano, sua
biografia, onde a parte escrita e epistolar registrada no papel, nos
diários, sua trajetória, sua vida, estarão perdidos por registros curtos
que são editados, reeditados ou deletados.
Por vezes não serão lidos ou registrados, muita informação ao mesmo tempo, o tudo e que pode se tornar o nada.
Incompreendidos aplicativos não
entendidos por muitos, não aceitos por alguns, por serem complicados
segundo eles, edições e textos compartilhados, curtos, links, redes
sociais, blogs, formatos sempre mudados e que se não acompanham a
evolução ficam perdidos no tempo.
E por último devo falar da extinção que
não aconteceu, o rádio, se imaginava que com o advento da TV ele
acabaria, mera bobagem, hoje está aí mais vivo do que nunca. Nos
aparelhos fixos, nos portáteis, nos veículos particulares ou de massa,
nos celulares e Smartphones, e através de internet; mais ouvido e
presente do que nunca na vida de milhões de ouvintes, e para aquele
telespectador que não tem tempo para parar-se ou sentar-se à frente da
televisão.
Dentre as perdas também sobrevivem os
LP’s que voltaram a serem produzidos, alguns dizem ter melhor qualidade
que os CDs, temos produção de toca discos mais modernos também, e eu
até hoje tenho o meu toca discos antigo funcionando e os meus discos de
vinil intactos.
Em tempo, devo lembrar que os impressos,
o livro, o jornal e a revista, devem conviver por muito tempo com os
eletrônicos, e-books e congêneres, porque há público para todos os
gostos e para os saudosistas, os que preferem sentir o papel o seu
cheiro, o romantismo que isto significa para muitos.
Há relutância de algumas pessoas para a
modernidade, lembro-me de alguns escritores, como Ariano Suassuna que
não utilizava o computador e sim a velha máquina de escrever.
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