Congresso tem de investigar contratos secretos da CBF, diz Romário
Publicado por fernandoveloso, em 21.05.2015 às 16:00
(Foto: Divulgação)
AE - O senador Romário quer que o Congresso examine
os contratos secretos da CBF, especialmente no que se refere ao
envolvimento de empresas que operam a partir de paraísos fiscais em
acordos com a seleção brasileira. Sua ideia é a de convocar uma
audiência pública no Senado para colocar pressão sobre a entidade.
No fim de semana, o jornal “O Estado de S. Paulo” revelou com
exclusividade os acordos da CBF. Nos documentos, de novembro de 2011, o
ex-presidente da entidade Ricardo Teixeira cedeu para a empresa ISE os
direitos exclusivos dos amistosos do Brasil até 2022.
Mas, no endereço fixado pela ISE no contrato, a indicação é apenas
uma caixa postal na cidade de Grand Cayman, no paraíso fiscal, e fora do
controle do Fisco.
Quem de fato controla a empresa é o grupo DAG, um dos maiores do
Oriente Médio e com bancos espalhados por vários países. A assinatura no
contrato é de Mohyedin Saleh Kamel, um dos diretores da DAG. Em nota
emitida no domingo, a CBF explica que não cabe a ela definir onde deve
ser a sede da ISE e que, de fato, os investidores fazem parte do grupo
DAG.
Romário, porém, estima que explicações precisam ser dadas sobre o
motivo pelo qual uma empresa num paraíso fiscal foi usada como agente do
contrato. O Bom Senso F.C. também cobrou transparência da CBF. A
entidade, porém, indica que tem todas suas contas no Brasil.
“Estas transações milionárias, com empresas de fachada em paraísos
fiscais, como mostra o jornal (Estado), é feita longe dos olhos da
Receita Federal”, alertou Romário em sua página no Facebook. “Ou seja,
evasão de divisas e sonegação fiscal. Uma quadrilha camuflada pelas
cores da nossa bandeira, pelo nosso patrimônio cultural e solenemente
festejada ao som do Hino Nacional”, denunciou.
“Não há alternativa, ou esses caras são presos, ou eles continuarão
sugando o futebol brasileiro como sanguessugas até sua morte definitiva.
O que já não está muito longe”, completou o ex-jogador.
A ISE é a mesma que assinou um outro contrato com o ex-presidente do
Barcelona, Sandro Rosell, por serviços durante os jogos da seleção,
conforme o “O Estado de S. Paulo” revelou em 2013. Nesse caso, empresas
de fachada também foram registradas nos endereços estabelecidos pelos
contratos. No total, a ISE transferiria para as empresas de Rosell um
total de US$ 8 milhões, supostamente por trabalhos de marketing e
assessoramento.
Se a ISE tem sua sede legal nas Ilhas Cayman, a empresa de Rosell
estava sediada em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Mas o endereço é um
serviço que aluga salas de reuniões e uma caixa postal a quem contrata a
empresa. Ou seja, a empresa também não existia.
A própria DAG e a ISE fazem parte de suspeitas. Num outro informe
interno da consultoria Price Waterhouse Coopers (PwC) sobre suspeita de
pagamento de propinas no futebol, o nome de Mohyendin Kamel e da própria
ISE aparecem como os principais responsáveis.
A auditoria indicou que a ISE era suspeita de ter pago, em operação
de lavagem de dinheiro, US$ 14 milhões a Mohamed Bin Hammam,
ex-candidato à presidência da Fifa, suspenso por denúncias de que tentou
comprar votos. Bin Hammam, do Catar, teve o apoio de Ricardo
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