Publicado por Márcio Didier, em 5.05.2015 às 13:46
O PT divulgou nesta terça-feira (5), na sua página oficial do
Facebook, íntegra do programa de 10 minutos que será exibido nesta
noite. No programa, aparecem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
o presidente do partido, Rui Falcão. Como previsto, não há participação
da presidente Dilma Rousseff – ela aparece brevemente nas imagens, sem
identificação. Lula centra sua fala contra terceirização enquanto Falcão
anuncia que o partido vai expulsar militantes que forem condenados por
“malfeitos”. O programa também se dedica a falar do ajuste econômico
promovido pelo governo, comparando com crises passadas por quais passou o
País.
Seguindo o objetivo de dar mais evidência ao partido que ao governo, o
programa traz diversas vezes o símbolo do partido. O “PT” é o sujeito
da maior parte das frases, a maioria mostrando conquistas dos governos
Lula e Dilma – os nomes dos governantes não são mencionados. O nome de
Dilma não é citado sequer uma vez e o nome de Lula só aparece na legenda
quando ele dá o depoimento contra a lei que libera terceirização para
atividades-fim.
O programa inicia faixas e cartazes com bandeiras históricas da
legenda, como a luta contra fome e por mais justiça social e segue com
uma imagem ensolarada, ressaltando em texto que o País se tornou mais
desenvolvido, mais justo e com mais oportunidades e direitos durante a
gestão petista.
Pouco depois, o destaque vai para pautas de esquerda, contra a
redução da maioridade penal e a favor da igualdade de gêneros – um
recado claro contra os posicionamentos recentes do Congresso
considerados conservadores -, contra a terceirização e a favor de
direitos trabalhistas.
Lula aparece dizendo que direitos trabalhistas, como jornada diária
de oito horas, 13º salário e férias “não caíram do céu”. “Tudo que os
trabalhadores têm hoje foi duramente conquistado ao longo de gerações,
por isso não podemos permitir que essa história ande para trás e é isso
que vai acontecer se for aprovado o projeto de lei 4.330, o projeto da
terceirização que passou pela Câmara dos
Deputados”, diz Lula. “Esse
projeto faz o Brasil retornar ao que era no começo do século passado,
voltar ao tempo em que o trabalhador era um cidadão de terceira classe,
sem direitos, sem garantias, sem dignidade. Nós não vamos permitir esse
retrocesso”, completa, em tom enfático, ao defender que o PT continua
“ao lado do trabalhador”
No trecho seguinte, os apresentadores e a narração falam do ajuste
econômico promovido pelo governo – de novo, sem citar o nome de Dilma.
Manchetes de jornal de momentos de crise de hiperinflação e de anos da
ditadura são usadas para mostrar que, em crises anteriores, as classes
mais pobres tiveram que pagar com maior “sacrifício”, enquanto hoje
salários não são arrochados e não há desemprego alto. O programa não
mostra gráficos de desemprego – que voltou a subir nos últimos meses –
nem faz menção às MPs 664 e 665. As medidas provisórias que restringem
acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários são duramente
criticadas por centrais sindicais e começam a ser apreciadas no
Congresso nesta terça-feira.
Nesse trecho, o programa fala da bandeira do partido de defender a
taxação de “grandes fortunas, grandes heranças e ganhos especulativos”.
O programa reitera as conquistas sociais e econômicas dos últimos 12
anos, com menções ao Bolsa Família e à saída de dois terços da população
da miséria, além do Minha Casa Minha Vida e programas de inclusão
educacional no ensino superior, como Prouni. Obras de infraestrutura,
como portos, aeroportos e o pré-sal também são apresentadas. Plataformas
de petróleo aparecem, mas não há nenhuma referência direta ou indireta à
Petrobras, algo de um esquema de corrupção investigado pela Operação
Lava Jato.
Corrupção
O programa reforça o discurso de que os governos petistas implementaram o
combate mais efetivo à corrupção. A palavra “corrupção” aparece em um
cenário escuro. “Antes, a corrupção não aparecia, mas todo mundo sabia
que ela estava lá. Hoje a corrupção é investigada e gente importante vai
pra cadeia”, diz o narrador, quando luzes iluminam a palavra. O
programa diz também que o PT deu autonomia para Ministério Público e
Polícia Federal trabalharem.
Rui Falcão faz então sua participação na peça publicitária do PT. O
presidente diz que “qualquer petista que cometer malfeitos e
ilegalidades não continuará nos quadros do partido” e, como em discursos
anteriores, rechaça a iniciativa de “alguns setores da mídia” de
“criminalizar todo o partido por causa de erros graves de alguns
filiados”.
No trecho final do programa, o partido defende o fim de doações
empresariais a partidos e campanhas e lembra que tomou a decisão
unilateral de não receber mais doações de empresas em seus diretórios. O
PT cita ainda o quinto congresso da legenda, marcado para junho, onde
serão discutidas bandeiras e ideias.
fonte: Estadão Conteudo
Compartilhado do blog da Folha de PE - foto arquivo Google
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