Devolveu respeitabilidade ao STF
Teori Zavascki jamais vai ser o Homem do Ano da Globo, e isto é um formidável ativo que ele carrega.
Teori é aquele tipo de ministro do STF tão raro: aquele que não se deixa deslumbrar e intimidar pela mídia.
Suas sentenças não parecem feitas para agradar a Globo, e sim para
buscar o máximo de justiça numa disciplina complexa e não exata.
Mais que nenhum outro juiz, ele deu uma cara nova ao Supremo quando a
ele chegou, num momento em que Joaquim Barbosa, sob incentivo cínico da
mídia, comandou um espetáculo tétrico de justiça partidarizada no
Mensalão.
Depois de escolhas desastrosas de juízes pelo PT – Barbosa por Lula,
Fux por Dilma – Zavascki devolveu ao menos parte da respeitabilidade
perdida pelo STF no Mensalão.
É antológica a enquadrada que Zavascki deu, ontem, em Sérgio Moro,
candidato a ser um novo Joaquim Barbosa como símbolo da justiça torta
com sua condução descaradamente antipetista da Lava Jato.
Zavascki usou as palavras certas: o método de Moro – manter presas
pessoas sem culpa configurada em busca de delações — é “medievalesco” e
envergonha qualquer “sociedade civilizada”.
Moro acabou ali.
O que se verá, daqui por diante, são os restos de Moro vagando por
Curitiba, à espera do desfecho de uma história da qual ele sai como
vilão.
Gilmar Mendes acompanhou Zavascki na sessão que liberou nove
empreiteiros que já não tinham o que fazer na prisão. Mas é difícil
encontrar nobreza em Mendes.
É mais fácil imaginar que ele tenha votado certo pelo motivo errado –
raiva de Moro por estar recebendo os holofotes que foram dele e colegas
do STF no Mensalão.
Zavascki fez uma coisa que parecia impossível até pouco tempo atrás:
deixou o STF com cara de tribunal de justiça, e não de departamento
jurídico da direita.
Por isso, palmas para ele.
De pé.
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Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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