Lua Alegria fica em cartaz de 10 a 13 de dezembro, com direção geral de Paulo Matricó
Fotos: Arquivo Google
Publicado em 10/12/2015, às 06h01
Do JC Online
Espetáculo une ópera e o cancioneiro popular.
Ricardo Labastier/JC Imagem
Tão mitológico quanto sua obra para a história do povo
brasileiro, o cantor e compositor Luiz Gonzaga vira e mexe é
transformado em mote e norte de inúmeras obras artísticas, seja em
música, no cinema e até nas artes cênicas. O apelo de suas narrativas, a
figura emblemática que foi e a maneira popular de falar do povo
nordestino e seus sentimentos são pano para as mangas de muitas criações
nacionais e locais, como é o caso do espetáculo Lua Alegria,
“ópera cordelista”, que estreia nesta quinta (10) no Teatro de Santa
Isabel, às 20h, e fica em cartaz até domingo (13), o dia do aniversário
do Gonzagão.
A montagem, com direção artística e dramaturgia de Paulo Matricó, une
a ópera, uma tradição europeia, ao cancioneiro popular do Nordeste, na
voz dos poetas cordelistas, cantadores e repentistas.
A narrativa parte de um suporte em rima, na qual um repentista,
vivido pelo próprio Paulo Matricó, conta a história da vida do Rei do
Baião. Entrelaçando com sua relação com o Sertão e a musicalidade
sertaneja, Matricó também imprime elementos de lembranças universais de
quem vive ou que tem acesso a esse universo tão bem cantado por
Gonzaga.
A montagem une a ópera ao cancioneiro popular do Nordeste, na voz dos poetas cordelistas, cantadores e repentistas.
“Em 2012, no centenário de Luiz Gonzaga, por eu ser sertanejo e fazer
músicas antenado com a poética e temática do Sertão, desejei fazer uma
homenagem a ele. Escrevi um cordel que foi lançado na Bienal do Livro de
Brasília”, conta Paulo Matricó. “A partir daí tive a ideia de
desenvolver o texto para não ficar só no livro. Pensei, então num
musical, em que pudesse adaptar o texto do cordel com uma estética mais
musical. Montei o espetáculo, encenado em Brasília, em 2013, e que
apresentei, no ano passado, no Cais do Sertão”, completa o diretor.
O projeto, agora aprovado no Funcultura, ganhou nova adaptação e foi
transformado em ópera. “É um espetáculo com elemento da ópera, mas
contada pela ótica do cantador do cordel”, explica Matricó. “Contamos a
história de Luiz Gonzaga com visão operística: canto, orquestra, dança e
encenação. Narrando pelo cordel. São momentos importantes da vida de
Luiz Gonzaga em cenas emolduradas por coreografias.”
Lua Alegria conta com 28 artistas em cena, entre eles 17
músicos, além de atores e dançarinos. A direção musical é assinada pelo
maestro pernambucano Israel de França, com arranjos de Nilson Lopes.
Nenhuma música executada é de Gonzagão, todas são obras originais. “É
um trilha sonora com música orquestral, mas com melodias na escala
nordestina. As canções têm base nas toadas repentistas e dos cantadores
de cordel, numa estrutura que caminha na direção do Armorial”, considera
Paulo Matricó
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