Elissandro da Siqueira dialoga com a PM de Geraldo Alckmin
Geraldo Alckmin foi derrotado pelo estudante Elissandro Dias
Nazaré da Siqueira, de 18 anos. Elissandro foi preso, com mais cinco
pessoas, num protesto contra a “reorganização” da educação pelo governo
de São Paulo.
Tomou as costumeiras cacetadas da PM e, em seguida, foi
carregado de cabeça para baixo numa rua de Pinheiros. “Estou com muito
medo. Eles me ameaçaram para ficar calado e sumir, mas vou continuar na
guerra”, disse para a reportagem do Uol.
Alessandro resume o espírito dos garotos que estão desmascarando, de
maneira implacável, um governante inepto e autoritário. Um cascateiro
cuja faceta de coroinha interiorano está sendo atirada no lixo.
Ontem, Alckmin perpetrou mais um de seus disparates: “A polícia
dialoga, a polícia conversa, a polícia pede para as pessoas saírem, a
polícia dá tempo de as pessoas saírem”, disse.
A polícia bate, não dialoga e Geraldo tem alguma noção disso (embora,
a essa altura, é provável que já esteja confundindo as coisas em seu
delírio). Quem deveria dialogar é o governador e seus homens, a começar
pelo secretário de educação Herman Vorwaald, para quem o ensino no
estado é “uma vergonha” — o resultado confesso de duas décadas de PSDB,
portanto.
Alckmin terá o mesmo destino de seu colega de partido Beto Richa, do
Paraná. Richa, classificado por Aécio como “um dos mais qualificados
gestores públicos do país”, viu sua popularidade despencar depois de
mandar seus soldados descerem o pau nos professores, com direito a cenas
dantescas como um cachorro tirando um naco da perna de um cinegrafista.
Beto Richa, hoje, é um morto vivo. Ninguém, a não ser um psicopata
como, por exemplo, Eduardo Cunha, gosta de ver professores ou estudantes
apanhando.
Em 2014, uma matéria laudatória sobre Geraldo na Época o saudava como
um dirigente que souber “ler as ruas” e as protestos de 2013. “Alckmin
sabia, por intuição e por pesquisas, que a população queria um governo
tolerante com os manifestantes pacíficos”, afirmava a revista.
Tolerante com revoltados online, kataguiris e débeis mentais que
pedem intervenção militar, truculento com alunos da rede de ensino
estadual. O Picolé de Chuchu saiu da caverna e mostrou quem é: um
rotweiller. Devidamente subjugado e desmoralizado pelos elissandros
.
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Sobre o Autor
Diretor-adjunto
do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e
diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de
redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.
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