Salve, oh templo, escola querida!
Nossa Escola Industrial, muito amada.
Bussola fiel das nossas vidas
Que por nós será sempre lembrada!...
Este é o primeiro verso do hino da
Escola Industrial Governador Agamenon Magalhães (EIGAM) que nos anos 70 fora
alterada para Escola Técnica Prof. Agamenon Magalhães ( ETEPAM) e em seguida
passou a matricular pessoas do sexo feminino que até então só aceitava alunos
do sexo masculino.
A EiGam foi um exemplo bem sucedido
do modelo de Escola de tempo Integral, onde os alunos durante um período do dia
frequentavam as aulas de cultura geral e após o almoço de boa qualidade servido
no restaurante da própria instituição de ensino, frequentavam as oficinas de cursos
profissionalizantes e duas vezes por semana participavam de aulas de Educação
física no páteo, ou, no campinho de futebol, nos fundos da escola e eu mais alguns alunos ainda participávamos do coral da Escola (orfeão) sob a batuta dos
Maestros Lima ou do Mário Câncio, que ensaiavam no período noturno após a
janta, completando para esses alunos o total de 14 horas no estabelecimento
escolar.
O ambiente era de perfeita integração
entre alunos e mestres sob uma disciplina férrea acompanhada de perto pelos
inspetores, senhores Romildo, Oscar, Batista e Nilton e cada turma era
monitorada por dois alunos que nos intervalos das aulas mantinham a disciplina de
forma ordeira, amigável, de muito respeito entre professores, mestres, supervisores,
monitores e colegas de classe e não havia Bulling. O uniforme era da cor do
fardamento do Exercito Brasileiro, o verde oliva, e o corte de cabelo
obrigatório ” Jack dempsy” e antes de
ingressar nas salas de aulas todos se mantinham perfilados no páteo da escola e
cantavam o hino nacional brasileiro até serem conduzidos pelo monitores das
turmas.
A escola está instalada na Avenida João de Barros, no bairro da
Encruzilhada num prédio adequado para estabelecimento de ensino sendo muito
arejado com ótima iluminação e ventilação, tendo formado centenas de alunos para
exercerem a sua cidadania e seus conhecimentos profissionais.
Constatamos com tristeza que alguns
ex-governadores de Pernambuco não dedicaram atenção a escola que quase foi
sucateada e ameaçada de fechamento.
No ano de 1958 eu iniciei meus
estudos no curso de preparação para o primeiro ano ginasial e não consegui permanecer na escola por motivos de
saúde e pelo falecimento da minha genitora que após esse triste episódio a
minha família foi temporariamente desestruturada e somente no ano de 1962
voltei a estudar no primeiro ano ginasial, na turma “A” e mais uma vez tive que
interromper meus estudos por motivos de
saúde, retornando a frequentar a Escola no ano de 1963, no primeiro “B”.
Naquele ano o Diretor da Etepam era o
Professor Mário Conceição e na minha turma lecionavam os professores João
Dionísio (matemática); Andrelino Menezes (Inglês); Zuleide Castelo Branco (Ciências biológicas); Gastão (História); (Geografia,
português, Desenho técnico, OSPB e Educação moral e cívica) não me recordo dos
nomes.
Durante a minha permanência como
estudante na ETEPAM cultivei muitos amigos e o aprendizado nos cursos
profissionalizantes nas oficinas de torneiro mecânico, fundição e tipografia
adquirido naquela Escola foi muito útil para mim na profissão de ourives que
exerci por longos anos.
Guardo muitas lembranças da minha
turma do 1º “B”, um grupo muito animado e unido onde a prática do futebol de
campo foi preponderante para nossa amizade. Passados 55 anos depois e tendo me
ausentado por 18 anos, residindo no estado de São Paulo, ainda recordo-me dos nomes de muitos
colegas daquela maravilhosa e inesquecível turma: Lembro-me do Edson Timbó,
zagueirão do nosso time; do Finfa, de Santo Amaro; do Carlos Berenguer; Boris,
Aldecir, Alcides, Edson, grande lateral esquerdo; Rozendo, Aldemário, Benedito,
Edmilson Ferreira e outros que recordo-me da fisionomia mas esqueci-me dos
nomes.
Nossa convivência quase diária nas brincadeiras, nos “rachas” e nas “peladas”
num campinho improvisado num terreno baldio na Avenida Norte era muito amigável e respeitosa. Quando largávamos mais cedo e havia treino do time profissional do Clube Náutico Capibaribe, no estádio dos
Aflitos, a maioria dos alunos iam assistir aos treinos.
Os professores de educação física, o
Capitão Tará, ex centro avante do santa cruz e o tenente Edson, todos os anos
organizavam um torneio de futebol de campo entre as turmas da escola para escolher as turmas campeã e a
vice-campeã e neste ano de 1963 fui indicado pela turma do 1º “B”para ser o técnico
da equipe que disputou o torneio. Ao longo da semana treinamos no campinho e no
sábado com inicio ás 8 horas o torneio foi realizado. Tivemos dois problemas
para a escalação da nossa equipe pela ausência do goleiro Ailton e por ter
sofrido uma contusão no joelho direito não pude jogar na minha posição de médio
volante, então, substitui o Ailton na posição de goleiro.
Vencemos a primeira
partida por 1x0, com um golaço marcado pelo cracasso do time, o Claudionor,
conhecido por Noca, filho do seu zé dos pobres, do bairro de Águas compridas,
em Olinda.
Na segunda partida enfrentamos uma equipe muito forte capitaneada
pelo craque Deda, que jogava no juvenil do náutico e algumas vezes jogou pelo
time profissional dos aflitos. Diante a superioridade da equipe adversária e da
ausência de alguns jovens na nossa equipe jogamos na retranca nos defendendo e
somente o craque do time, o Noca, na frente, tentando fazer o nosso gol.
O Noca
que era primo do Gena, lateral direito do náutico e do Geovan que estava
jogando no Palmeiras de São Paulo, era um exímio cobrador de penalties, daí a
nossa tática de tentar segurar o jogo no 0x0 para decidir na cobrança de
pênaltis. Naquela época cada equipe apresentava apenas um cobrador para os 5
penalties, atualmente, as equipes são obrigadas a apresentarem 5 cobradores
.
Quando a partida se aproximava do seu final, com o placar de 0x0, num lance de
infelicidade o Edmário escorregou dentro da área e caiu com mão sobre a bola.
Pênalty. Uma tristeza geral tomou conta da nossa equipe pois a equipe do 1º “C”
tinha o Deda que não perdia pênaltis porque ele chutava muito forte e colocado.
Antes do Deda fazer a cobrança do pênalty, fizemos uma “catimba” provocando o
mesmo para irrita-lo que ficou zangado e avisou que iria chutar forte no centro
do gol para jogar-me com bola e tudo nos fundos da rede. Diante o aviso do Deda, o Mestre Baza da
tipografia e vários colegas
aconselharam-me a abandonar a meta pois o Deda possuía um chute muito
potente e poderia até me matar porque eu era muito magro e meu apelido era Maguinho.
Não abandonei a
meta e quando o juiz autorizou a cobrança foquei na bola e nos movimentos do
corpo do Deda que ao tomar uma longa distancia da bola sinalizou que realmente daria
um potente chute e numa tarde muito feliz consegui “advinhar” a direção da bola e num voo espetacular, de
munheca, conseguir desviar a bola para escanteio!
O mestre Baza e vários colegas entraram em campo para
abraçar-me, foi a glória!!!
Escrito por
Cláudio Lima.
Café com
Claudinha / recordações de 40 anos de militância
Nenhum comentário:
Postar um comentário