quinta-feira, 7 de junho de 2018

Futuro da esquerda passará por Pernambuco


O PT encomendou uma pesquisa sobre a corrida eleitoral em Pernambuco. Nela, a petista Marília Arraes lidera a disputa ao Palácio do Campo das Princesas ao lado do Senador Armando Monteiro (PTB). O atual governador, o socialista Paulo Câmara, ocupa a terceira posição.


Quem conversou com Lula não tem nenhuma dúvida: Marília será candidata. O ex-presidente diz que a vereadora é uma jóia de seu partido. Tem seus motivos. O PT pernambucano vivia um momento difícil até a neta de Arraes despontar.

A reeleição do senador Humberto Costa é uma incógnita. João Paulo, ex-prefeito do Recife, deixou a legenda e filiou-se ao PCdoB.


Como disse outro dia Aldo Rebelo, presidenciável do Solidariedade, os cientistas políticos brasileiros não têm vida fácil. Aqui, “a política desafia a ciência”. Como a prima de Eduardo Campos, neta do saudoso Arraes, uma família tradicional da política pernambucana virou a grande novidade da eleição?


Marília saiu do PSB e rompeu com Eduardo por discordar do afastamento do PT. Enfrenta agora os caciques petistas que querem voltar ao ninho socialista.


Uma candidata anti-establishment, que representa “o novo”, que enfrenta a família, a elite partidária, e faz tudo isso no PT, o partido que ficou 13 anos no poder central, caracterizado pela grande mídia como o velho. É a política desafiando a ciência.


Uma questão que parece regional está no centro dos desdobramentos nacionais. Dois partidos da esquerda, PSB e PCdoB, tem seu núcleo dirigente atual egresso de Pernambuco.


O PDT trabalha de olho nos socialistas. Fez um movimento nacional importante. Abandonou a reeleição do petista Fernando Pimentel em Minas e montou uma chapa em torno do ex-prefeito Márcio Lacerda (PSB) ao Palácio da Liberdade. Foi um golpe no PT que, temendo a formação de um núcleo em torno de Ciro, reagiu.


O encontro do PT para decidir sua tática em Pernambuco foi adiado para o final de julho. Faz seu jogo articulado com o “Lula ou nada”.


Ao adiar a decisão inevitável por Marília, mantém uma espada sob a cabeça de Paulo Câmara. Aposta que o adiamento poderá bloquear um eventual movimento nacional dos socialistas com o PDT.


Entrevista recente do petista e ex-ministro Edinho Silva não deixa dúvida sobre o que seu partido fará. O PT vai para eleição defender Lula. O resultado das eleições majoritárias está em segundo plano. Nesta lógica não faz sentido retirar uma candidata que lidera as pesquisas e será um palanque para defesa do ex-presidente.


É aí que entra o PCdoB. Luciano Siqueira, vice-prefeito do Recife e dirigente comunista histórico, criticou publicamente a posição do PT. Para ele, defender Lula não pode ter contradição com uma estratégia que viabilize a vitória da esquerda nas eleições.


O PCdoB é um aliado antigo de Arraes e Eduardo Campos, e se mantém fiel ao governador Paulo Câmara. Teve embates duros com o PT por decidir se manter no governo estadual mesmo quando o PSB optou por apoiar o impeachment de Dilma.


A deputada federal pernambucana Luciana Santos é a presidente nacional da legenda.


Renildo Calheiros, político hábil e brilhante articulador, ex-deputado federal e ex-prefeito de Olinda, é outro expoente do núcleo comunista que atua no estado.


RICARDO CAPPELLI


Ricardo Cappelli é secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União Nacional dos Estudantes


Fonte:  Brasil 247

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