JORNALISTA DIZ QUE AS MÉDICAS CUBANAS "TÊM A CARA DE EMPREGADAS DOMÉSTICAS"

Sim, Micheline Borges, as médicas cubanas, de fato,
parecem-se com as suas empregadas domésticas. Eu também me pareço com a sua
faxineira e a sua cozinheira. E, se me permite a comparação, Barack Obama
também é cara dos garçons dos restaurantes que você
deve frequentar, dos vendedores de coco na praia, da maioria dos presidiários
brasileiros, dos desempregados e subempregados do país.
Feita esta constatação certeira, seria legal se
você se perguntasse por que é uma ilha de loiridão e alvura cercada de tantos
pretos pobres por todos os lados. Será determinação do destino que estabelece
que as pessoas não-brancas tenham que se tornar empregadas domésticas de
michelines? Será prescrição do Oráculo de Apolo que pessoas com cara de
micheline sejam jornalistas casadas com engenheiros?
Pergunte-se, além disso, qual é a magia que fizeram
em Cuba para que tantos que bem poderiam ser suas empregadas domésticas sejam
hoje médicas que embarcaram para este país, de saúde pública de terceira, a fim
de ajudar pessoas de todas as cores que não são ajudadas pelas alvas michelines
que moram ao lado.
Não, Micheline, eu não diria “coitada da nossa
população” de pessoas com cara de empregadas domésticas porque serão atendidas
por médicos com a mesma cara delas. Eu tenho pena é do coitado deste país,
açoitado pela mentalidade-micheline, que resolve que o lugar de pessoas com
cara de empregadas doméstica é na cozinha das suas casas, fazendo a limpeza ou
picando cenoura para o jantar. Na falta de uma boa e velha senzala...
Wilson Gomes - Professor da UFBA
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