Recife é um município brasileiro, capital do estado de Pernambuco, localizado na Região Nordeste do país. Pertence à Mesorregião Metropolitana do Recife e à Microrregião do Recife. Detendo uma área territorial de aproximadamente 218 km²,3 a cidade é formada por uma planície aluvial, tendo as suas ilhas, penínsulas e manguezais como as principais características geográficas.7 Está situada a
2 220 km de Brasília, capital federal.8 É a quarta capital brasileira na hierarquia da gestão federal, após Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, e possui a quarta maior rede urbana do Brasil em população, com área de influência que abrange, além de Pernambuco, os estados de Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.9 10
Mais antiga entre as capitais estaduais brasileiras, o Recife surgiu como "Ribeira de Mar dos Arrecifes" no ano de 1537, na principal área portuária da Capitania de Pernambuco, conhecida em todo o mundo comercial da época, graças à cultura da cana-de-açúcar.11 No século XVII, a cidade ficou vinte e quatro anos sob domínio da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, tendo como um dos administradores da colônia o conde Maurício de Nassau.12 Após a expulsão dos neerlandeses, feita na Insurreição Pernambucana, o Recife emerge como a cidade mais importante de Pernambuco, tendo uma grande vocação comercial influenciada principalmente pelos comerciantes portugueses, os chamados "mascates".13 Dentre as suas muitas alcunhas atribuídas, "Veneza Brasileira" é a mais conhecida. O romancista francês Albert Camus esteve no Recife em 1949 e comparou a capital pernambucana a outra cidade italiana ao descrevê-la, em seu livro Diário de Viagem, como a "Florença dos Trópicos".14
O Recife possui o décimo quinto maior PIB do país, e sua região metropolitana é a mais rica do Norte-Nordeste e a oitava mais rica do Brasil. Seu PIB per capita é também o maior entre as capitais nordestinas.15 16 O município é o nono mais populoso do país, e sua região metropolitana, com 3,88 milhões de habitantes, é a sétima aglomeração urbana mais populosa do Brasil, além de ser a terceira área metropolitana mais densamente habitada do país, superada apenas por São Paulo e Rio de Janeiro.17 18 4 Recife é a capital nordestina com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) segundo dados da ONU de 2010, figurando como a capital mais alfabetizada, com a menor incidência de pobreza e a com a maior renda média domiciliar mensal do Nordeste do país.5
A cidade do Recife foi eleita por pesquisa encomendada pela MasterCard Worldwide como uma das 65 cidades com economia mais desenvolvida dos mercados emergentes no mundo. Apenas cinco cidades brasileiras entraram na lista, tendo o Recife recebido a quarta posição, após São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, e à frente de Curitiba.19 Segundo a consultoria britânica PricewaterhouseCoopers, o Recife será uma das cem cidades mais ricas do mundo em 2020.20 21
Etimologia
Arrecife é a forma antiga do vocábulo recife, ambos originários do árabe ár-raçif, que significa calçada, caminho pavimentado, linha de escolhos, dique, paredão, cais, molhe. Em sua forma arcaica, “arracefe”, o vocábulo já era utilizado em 1258, segundo registra o dicionarista José Pedro Machado. Assim, o topônimo da atual cidade do Recife resulta do acidente geográfico, cuja designação é
registrada pela primeira vez no Diário de Pero Lopes de Souza, que denominou o seu porto natural de “Barra dos Arrecifes” (1532), e no chamado Foral de Olinda (1537), no qual o primeiro donatário, Duarte Coelho Pereira, nomeia-o “ribeiro do mar dos Arrecifes dos Navios”.22 No mapa do cartógrafo João Teixeira Albernaz (1618) o local encontra-se registrado como “Lugar do Recife”, menção certa aos primórdios da antiga povoação, depois chamada Vila de Santo Antônio do Recife (1709) e, finalmente, cidade do Recife (1823).23
Geralmente, o nome do município dentro de frases é antecedido de artigo masculino, como acontece com os municípios do Rio de Janeiro, do Crato, do Cabo de Santo Agostinho e outros. A esse respeito, muitos intelectuais recifenses e pernambucanos já se pronunciaram, entre eles Gilberto Freyre, em seu livro "O Recife, sim! Recife, não!", em 1960.24 25 Por outro lado, o gramático Napoleão Mendes de Almeida afirma, em longo arrazoado, que não se deve usar o artigo definido para fazer referência à cidade, mas apenas ao bairro homônimo: "o bairro do Recife na cidade de Recife".26
História
Ver artigo principal: História do Recife
Primeiros povos e colonização portuguesa
Ver artigos principais: Povos indígenas do Brasil e Brasil Colônia
Olinda, primeira capital administrativa de Pernambuco e Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, com
Recife ao fundo. Recife tem sua origem intimamente ligada ao município de Olinda.
Por volta do ano 1000, os índios tapuias que ocupavam a região da atual cidade do Recife foram expulsos para o interior do continente por povos tupis procedentes da Amazônia.27
Quando os portugueses chegaram à região, no século XVI, a mesma era ocupada pelo povo tupi dos caetés.28 O atual município do Recife tem sua origem intimamente ligada ao município de Olinda. No foral (carta de direitos feudais) de Olinda, concedido por Duarte Coelho em 1537, há uma referência a "Arrecife dos navios", um lugarejo habitado por mareantes e pescadores.29 O Recife permaneceu português até a independência do Brasil, com a exceção de um período de ocupação holandesa entre 1630 e 1654.30
Durante os anos anteriores à invasão da Companhia das Índias Ocidentais, o povoado do Recife existiu apenas em função do porto e à sombra da sede Olinda, local que a aristocracia escolheu para residir devido à sua localização elevada, que facilitava a defesa. Ergueram-se fortificações e paliçadas em defesa do povoado e do porto do Recife, todas elas voltadas para o mar. Os temores voltavam-se para o oceano por conta dos constantes ataques ao litoral da América Portuguesa pela navegação de corso e pirataria. Ainda no final do século XVI, o "povo dos arrecifes" foi atacado e saqueado pelo pirata inglês James Lancaster que, com três navios, derrotou a pequena guarnição responsável pela defesa do porto. Entre os anos de 1620 e 1626, o então governador Matias de Albuquerque procurou estabelecer posições fortificadas no porto do Recife a fim de que se pudesse evitar outro ataque como aquele, bem como dissuadir a Companhia das Índias Ocidentais da ideia empreendida na Bahia em 1624.31 32
Domínio holandês
Ver artigos principais: Invasões holandesas no Brasil e Nova Holanda
Vista da Cidade Maurícia (1645). Gravura em água forte de Pieter Schenck baseada em desenho de Frans Post para o livro Rerum in Brasilia et alibi gestarum, de Caspar Barlaeus.
Em 1630, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais invade a Capitania de Pernambuco, então a mais rica capitania do Brasil Colônia e maior produtora de açúcar do mundo.33 34 No Recife holandês, foi iniciada a construção de Mauritsstad (Cidade Maurícia, ou Mauriceia). O Recife foi a capital do Brasil Holandês durante 24 anos, tendo sido governada de 1637 a 1644 pelo conde alemão (a serviço da Companhia das Índias Ocidentais - West Indische Compagnie) Maurício de Nassau. O império holandês nas Américas era composto na época por uma cadeia de fortalezas que iam do Ceará à embocadura do rio São Francisco, ao sul de Alagoas. Os holandeses também possuíam uma série de feitorias na Guiné e Angola, situadas no outro lado do Atlântico, o que lhes dava controle sobre o açúcar e o tráfico negreiro, administradas pela Companhia das Índias Ocidentais.35 36
O conde desembarcou na Nieuw Holland, a Nova Holanda, em 1637, acompanhado por uma equipe de arquitetos e engenheiros. Nesse ponto começa a construção de Mauritsstad, que foi dotada de pontes, diques e canais para vencer as condições geográficas locais. O arquiteto Pieter Post foi o responsável pelo traçado da nova cidade e de edifícios como o Palácio de Freeburg, sede do poder de Nassau na Nova Holanda, e do primeiro observatório astronômico do continente americano.37 38
Maurício de Nassau realizou uma política de tolerância religiosa frente aos católicos e calvinistas. Além disso, permitiu a migração de judeus ao Recife e a criação de uma sinagoga, a Kahal Zur Israel, inaugurada em 1642 e considerada o primeiro templo judaico do continente americano.39
Nassau era também um entusiasta da ciência e das belas artes. Ao embarcar para o Brasil, trouxe uma plêiade de naturalistas e pintores para retratar e estudar a novo continente. Entre estes destacam-se os pintores Frans Post e Albert Eckhout, que retrataram as paisagens e os exóticos habitantes locais, o médico Willem Piso e o naturalista alemão Georg Marggraf, que estudaram a fauna e a flora, a farmacopeia local e as doenças tropicais.41 Ele retornou à Holanda em 1644, demitido devido a desentendimentos com as autoridades da Companhia, que não se contentaram com o nível de lucros das possessões brasileiras. Os novos governantes holandeses entraram em conflito com a população, desencadeando a partir de 1643 uma insurreição - a chamada Insurreição Pernambucana - que terminaria com a expulsão definitiva dos holandeses em 1654. A economia açucareira local passou a enfrentar a competição das Antilhas Holandesas, para onde os holandeses levaram a tecnologia da produção de açúcar.42
Com a colônia holandesa tomada pelos portugueses, os judeus receberam um prazo de três meses para partir ou se converter ao catolicismo. Com medo da fogueira da Inquisição, quase todos venderam o que tinham e deixaram o Recife em 16 navios. Parte da comunidade judaica expulsa de Pernambuco fugiu para Amsterdã, e outra parte se estabeleceu em Nova Iorque. Através deste último grupo a ilha de Manhattan, atual centro financeiro dos Estados Unidos, conheceu grande desenvolvimento econômico; e descendentes de judeus egressos do Recife tiveram participação ativa na história estadunidense: Gershom Mendes Seixas, aliado de George Washington na Guerra da Independência dos Estados Unidos; seu filho Benjamin Mendes Seixas, fundador da Bolsa de Valores de Nova Iorque; Benjamin Cardozo, juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos ligado a Franklin Delano Roosevelt; entre outros.43 44 45
Insurreição Pernambucana
Ver artigo principal: Insurreição Pernambucana
As Batalhas dos Guararapes, episódios decisivos na Insurreição Pernambucana, são consideradas a origem do Exército Brasileiro.
Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar contra o domínio holandês na capitania. Com o acordo assinado, começa o contra-ataque à invasão holandesa.46 A primeira vitória importante dos insurretos se deu no Monte das Tabocas, (hoje localizada no município de Vitória de Santo Antão) onde 1200 insurretos mazombos armados de armas de fogo, foices, paus e flechas derrotaram numa emboscada 1900 holandeses bem armados e bem treinados.46
O sucesso deu ao líder Antônio Dias Cardoso o apelido de Mestre das Emboscadas. Os holandeses que sobreviveram seguiram para Casa Forte, sendo novamente derrotado pela aliança dos mazombos, índios nativos e escravos negros. Recuaram novamente para as casas-forte em Cabo de Santo Agostinho, Pontal de Nazaré, Sirinhaém, Rio Formoso, Porto Calvo e Forte Maurício, sendo sucessivamente derrotados pelos insurretos.46
Por fim, Olinda foi recuperada pelos rebeldes. Cercados e isolados pelos rebeldes numa faixa que ficou conhecida como Nova Holanda, indo do Recife a Itamaracá, os invasores começaram a sofrer com a falta de alimentos, o que os levou a atacar plantações de mandioca nas vilas de São Lourenço, Catuma e Tejucupapo. Em 24 de abril de 1646, ocorreu a famosa Batalha de Tejucupapo, onde mulheres camponesas armadas de utensílios agrícolas e armas leves expulsaram os invasores holandeses, humilhando-os definitivamente. Esse fato histórico consolidou-se como a primeira importante participação militar da mulher na defesa do território brasileiro.46
Devido à Primeira Guerra Anglo-Neerlandesa, a República Holandesa não pôde auxiliar os holandeses no Brasil. Com o fim da guerra contra os ingleses, a Holanda exige a devolução da colônia em maio de 1654. Sob ameaça de uma nova invasão do Nordeste brasileiro, Portugal cede à exigência dos holandeses que Portugal pague 4 milhões de cruzados entre um período de 16 anos. Porém, em 6 de agosto de 1661, a Holanda cede formalmente o Nordeste brasileiro a Portugal através da Paz de Haia.46
Movimentos nativistas e separatistas
Ver artigos principais: Conjuração de "Nosso Pai", Guerra dos Mascates, Revolução Pernambucana, Confederação do Equador e Revolta Praieira
Porto do Recife, no século XVII, foco da revolta de "Nosso Pai".
A bandeira da Revolução Pernambucana de 1817, cujas estrelas representam Pernambuco, Paraíba e Ceará, inspirou a atual bandeira de Pernambuco.
Conjuração de "Nosso Pai"
A Capitania de Pernambuco lutava por reconstruir suas duas principais cidades - Recife e Olinda - destruídas com as lutas contra os invasores holandeses. Os senhores de engenho, radicados em Olinda e com reservas quanto ao porto do Recife, acreditavam merecer maiores reconhecimentos da Coroa Portuguesa, pelo contributo na expulsão dos neerlandeses. Portugal, entretanto, mandou para governar a Capitania Jerônimo de Mendonça Furtado, um estranho, contrariando assim os interesses de muitos pernambucanos, que se julgavam merecedores de ocupar a função, e não um estrangeiro. Mendonça Furtado era apelidado pejorativamente de Xumberga (ou, nalgumas outras versões, Xumbregas) - referência ao general alemão Von Schomberg, mercenário que lutara na Guerra da Restauração, por ter um bigode semelhante ao dele. O estopim do movimento, que culminou com a prisão e deposição do governador, foi a estada, no porto do Recife, de uma esquadra francesa, que por ordem da Corte, foram bem tratados. Os insurgentes fizeram divulgar a notícia de que o governador estaria a serviço dos estrangeiros, que preparavam um ataque à província, e seu consequente saque.47
Guerra dos Mascates
Após a invasão holandesa, muitos comerciantes vindos de Portugal - chamados pejorativamente de "mascates" - estabelecem-se no Recife, trazendo prosperidade à vila. O desenvolvimento do Recife foi visto com desconfiança pelos olindenses, em grande parte formada por senhores de engenho em dificuldades econômicas. O conflito de interesses políticos e econômicos entre a nobreza açucareira pernambucana e os novos burgueses deu origem à Guerra dos Mascates, durante a qual o Recife foi palco de combates e cercos.48 49 50 A Guerra dos Mascates é considerada como um movimento nativista, precursor da Independência do Brasil, pela historiografia em história do Brasil.51
Revolução Pernambucana
A chamada Revolução Pernambucana, também conhecida como "Revolução dos Padres", eclodiu em 6 de março de 1817 na então Província de Pernambuco. Dentre as suas causas destacam-se a crise econômica regional, o absolutismo monárquico português e a influência das ideias Iluministas, propagadas pelas sociedades maçônicas. O movimento iniciou com ocupação do Recife, em 6 de março de 1817. No regimento de artilharia, o capitão José de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado, reagiu à voz de prisão e matou a golpes de espada o comandante Barbosa de Castro. Depois, na companhia de outros militares rebelados, tomou o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas monarquistas. O governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro refugiou-se no Forte do Brum, mas, cercado, acabou se rendendo. O movimento foi liderado por Domingos José Martins, com o apoio de Antônio Carlos de Andrada e Silva e de Frei Caneca. Tendo conseguido dominar o Governo Provincial, se apossaram do tesouro da província, instalaram um governo provisório e proclamaram a República. A repercussão da Revolução Pernambucana contribuiu para facilitar o processo de emancipação de Alagoas, que logrou obter autonomia pelo Decreto de 16 de setembro de 1817. O desmembramento da Comarca de Alagoas da jurisdição de Pernambuco foi sancionado por D. João VI.52
Exército do Império do Brasil ataca as forças confederadas no Recife, em 1824, no contexto da Confederação do Equador.
Confederação do Equador
A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário, de caráter emancipacionista (ou autonomista) e republicano ocorrido em Pernambuco. Representou a principal reação contra a tendência absolutista e a política centralizadora do governo de D. Pedro I (1822-1831), esboçada na Carta Outorgada de 1824, a primeira Constituição do país. O conflito possui raízes em movimentos anteriores na região: a Guerra dos Mascates e a Revolução Pernambucana, esta última de caráter republicano. O centro irradiador e a liderança da revolta couberam à província de Pernambuco, que já se rebelara em 1817 e enfrentava dificuldades econômicas. Além da crise, a província se ressentia ao pagar elevadas taxas para o Império, que as justificava como necessárias para levar adiante as guerras provinciais pós-independência (algumas províncias resistiam à separação de Portugal). Pernambuco esperava que a primeira Constituição do Império seria do tipo federalista, e daria autonomia para as províncias resolverem suas questões. Como punição a Pernambuco, D. Pedro I determinou, através de decreto de 07/07/1825, o desligamento do extenso território da Comarca do Rio São Francisco (atual Oeste Baiano), passando-o, inicialmente, para Minas Gerais e, depois, para a Bahia.53
Revolta Praieira
A Revolta Praieira, também denominada como "Insurreição Praieira", "Revolução Praieira" ou simplesmente "Praieira", foi um movimento de caráter liberal e separatista que eclodiu, durante o Segundo Reinado, na província de Pernambuco, entre 1848 e 1850. A Última das revoltas provinciais está ligada às lutas político-partidárias que marcaram o Período Regencial e o início do Segundo Reinado. Sua derrota representou uma demonstração de força do governo de D. Pedro II (1840-1889).54
Século XX
No início do século XX, o Recife era ainda uma cidade muito influente: só perdia em importância político-econômica para o Rio de Janeiro.55
Na década de 1970 Recife era ainda a terceira maior metrópole do Brasil, e foi um dos principais centros de atuação da Ditadura Militar.56 57 Na foto o Monumento Tortura Nunca Mais.
Nos anos 1910, o Recife pretendia se tornar uma cidade moderna, tal como Paris, através da reforma do porto e construção de largas avenidas, sem preocupação com a preservação dos edifícios históricos, muitos dos quais completamente demolidos. Como em todo o Brasil, o modernismo não afetou as graves diferenças sociais. Iniciou-se então um período de agitação cultural, e a Belle Époque mostrou a busca de novas linguagens para traduzir as velozes mudanças trazidas pelas novas técnicas. Os recifenses tinham até os meados do século uma forte influência cultural francesa.58
Em 1934, Pernambuco assumiu posição inovadora ao contratar Burle Marx e o arquiteto Luiz Nunes. O bairro de Boa Viagem tornou-se um local onde a elite recifense possuía casas de veraneio já no início do século.59
Na década de 1950, o Recife ganhou seu contorno urbano atual, com o crescimento populacional ocasionado pela migração de pessoas do interior nordestino e a extinção dos mocambos, obrigando a população pobre a viver nos morros. A cidade já buscava mostrar uma perspectiva positiva de si, escondendo as mazelas sociais.60
Em 1966, houve um atentado terrorista cujo alvo era o ditador militar e então presidente da República, Arthur da Costa e Silva, enquanto desembarcava no Aeroporto dos Guararapes. Houve mortos e feridos, mas o presidente escapou, chegando ao Recife de carro a partir de João Pessoa.61
Um dos principais centros de atuação do Regime Militar no Brasil, foi na metrópole pernambucana que se iniciou, em 1983, o movimento "Diretas Já", que se expandiu por todo o país e foi responsável por apressar o fim da ditadura brasileira.57 62
Geografia
Pontes centenárias sobre o trecho de confluência do Rio Capibaribe com o Rio Beberibe.
O Recife é a capital do sétimo estado mais populoso do Brasil, Pernambuco,63 situando-se próximo ao paralelo 8º04'03'' sul e do meridiano 34º55'00'' oeste. Ocupa uma área de 218,435 quilômetros quadrados,3 e se limita com os municípios de Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço da Mata, Camaragibe, Paulista e Olinda.64 É sede da Região Metropolitana do Recife (RMR), a sexta maior aglomeração urbana do Brasil (2010),65 e sua área de influência direta abrange os estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte (este último junto com Fortaleza).9
A cidade do Recife está situada sobre uma planície aluvional (fluviomarinha), constituída por ilhas, penínsulas, alagados e manguezais envolvidos por 5 rios: Beberibe, Capibaribe, Tejipió e braços do Jaboatão e do Pirapama, conferindo-lhe características peculiares. Essa planície é circundada por colinas em arco que se estendem do norte ao sul, de Olinda até Prazeres (Jaboatão).66
O Recife é conhecido como "Veneza Brasileira" graças à semelhança fluvial com a cidade europeia de Veneza. Cercado por rios e cortado por pontes, é cheio de ilhas e mangues. Ali acontece o encontro dos rios Beberibe e Capibaribe que deságuam no Oceano Atlântico. O município conta com dezenas de pontes, entre elas a mais antiga da América Latina, a Ponte Maurício de Nassau. A altitude média em relação ao nível do mar é de 4 metros, porém há algumas áreas do município que se localizam 2 metros abaixo do nível do mar, segundo o estudioso Fernando Bruce. O município se localiza na latitude de 8º 04' 03'' S e longitude de 34º 55' 00''.67 68
Clima
O Recife tem um clima tropical úmido (tipo As' na classificação climática de Köppen-Geiger), típico do litoral leste nordestino, com temperaturas médias mensais sempre superiores a 18 °C, baixas amplitudes térmicas e precipitações abundantes ao longo do ano.69 A temperatura média anual é de 25,5 °C,70 chegando a 30 °C no verão. O tempo médio de insolação é de 2 550 horas/ano,71 com umidade relativa do ar de 80%.72
| Maiores acumulados de precipitação em 24 horas registrados no/em Recife (Curado) por meses |
|---|
| Mês | Acumulado | Data | Mês | Acumulado | Data |
|---|
Janeiro |
117 mm |
07/01/2000 |
Julho |
176,4 mm |
29/07/1990 |
Fevereiro |
123,1 mm |
16/02/1983 |
Agosto |
335,8 mm |
11/08/1970 |
Março |
145,7 mm |
19/03/2003 |
Setembro |
108,9 mm |
17/09/2000 |
Abril |
165,3 mm |
22/04/1973 |
Outubro |
86,8 mm |
14/10/1976 |
Maio |
235 mm |
24/05/1986 |
Novembro |
48,2 mm |
24/11/1980 |
Junho |
176,4 mm |
12/06/1965 |
Dezembro |
141,1 mm |
06/12/2005 |
Fonte: Rede de dados do INMET. Período: 01/03/1961 a 31/12/2013.73 |
O índice pluviométrico é superior a 2 400 milímetros (mm) anuais, concentrados entre abril e julho, com médias superiores a 300 mm, sendo julho o mês de maior precipitação (388 mm).74 As precipitações acontecem principalmente sob a forma de chuvas, que podem vir acompanhadas de raios e trovoadas, especialmente nos meses mais chuvosos,75 muitas vezes ocasionando em alagamentos.76 A maior enchente da história do Recife foi registrada em julho de 1975.77 Embora muito raras, chegadas de frentes frias também podem acontecer.78 Nevoeiros são mais comuns nos meses mais úmidos, sendo que o mais forte deles ocorreu foi no dia 30 de outubro de 1998, quando a cidade amanheceu cinzenta devido a uma inversão térmica.79 Ventanias são pouco comuns, sendo que uma das mais fortes aconteceu em 18 de fevereiro de 2010, quando uma rajada de 86 km/h destelhou casas.80
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1961 a menor registrada na capital pernambucana (estação meteorológica de Curado) foi de 15 °C nos dias 2 de setembro de 1965 e 4 de agosto de 1999,81 e a maior atingiu 35,1 °C em 21 de março de 1988.82 O maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 335,8 mm em 11 de agosto de 1970. Alguns outros grandes acumulados foram 235 mm em 24 de maio de 1986, 185,9 mm em 1º de agosto de 2000, 176,4 mm em 29 de julho de 1990 e 12 de junho de 1965, 165,3 mm em 22 de abril de 1973, 162,8 mm em 29 de junho de 1990, 162 mm em 21 de julho de 1973, 159,7 mm em 10 de junho de 1980 e 154,2 mm em 8 de abril de 1986.73 O mês de maior precipitação foi abril de 1973, quando foram registrados 770,4 mm.83 O menor índice de umidade do ar foi registrado em 17 de janeiro de 1998, de 41%.84
| [Esconder] |
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| Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai |
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| Fonte: Wikipedia - a Enciclopédia livre |
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Parabéns pela postagem. Estou fazendo um artigo cientifico sobre o recife e adorei esse post sobre o local. VC esta de parabéns!! Adorei saber mais sobre a minha cidade.
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