terça-feira, 10 de novembro de 2015

PARABÉNS, "DIÁRIO DE PERNAMBUCO" ! - HOMENAGEM DA JORNALISTA SILVIA BESSA

Vivi inúmeras histórias de amor com e no Diario de Pernambuco. Tenho 40 anos; metade deles neste jornal. Nasci e renasci aqui várias vezes como jornalista, entrevistando, escrevendo. E como mulher, namorando, casando e sendo mãe. 

 

Quando coloquei os pés na rua pela primeira vez enquanto repórter do Diario, o cidadão olhou para mim e disse: “Avise a seu chefe que não dou entrevista a uma moça que poderia ser minha neta”. Era o folclórico Newton Carneiro.

 

A letra saiu tremida no papel, mas não arredei o pé. Acho que passei a usar roupas mais sérias do que minha idade desde então. Nessa época, eu tinha um pager bipando na cintura, escrevia em máquina Olivetti e fazia correções com erroex.

 

 Entrevistei presidentes no Sertão nordestino e no gabinete oficial do Palácio da Alvorada, em Brasília. Governadores e líderes comunitários. 

 

Como repórter de política, atuei uns dez anos. Depois, quis sentir emoções com outros tipos de fontes. Deram-me asas. Sofri por anos com seu Marcos, vítima do maior erro judicial do Brasil, que morreu no dia em que recebeu direito à indenização. E com tantos outros desconhecidos que dividiram comigo seus dramas. Vi pobres e, pior, miseráveis.

 

 Tive por várias vezes dúvidas se entrevistaria ou corria para comprar comida para crianças que choravam. 

 

Nas minhas andanças já não me deparo com brasileiros famintos e esqueléticos. 

 

Bom falar dessa evolução... Acompanhei alegrias, como a invasão das lan houses no interior. Vibrei com o fenômeno desconhecido pela academia e imprensa nacional. Publicamos. 

 

Minha vida pessoal se entrelaçava com o Diario - é preciso dizer. Conheci pessoalmente meu marido, Vandeck Santiago, nesta redação. Ele já era referência (ainda é: acaba de ser eleito um dos jornalistas mais admirados do Brasil pela Maxpress e Jornalistas&Cia/ SP). Sento na bancada ao lado dele, 24 horas juntos. 

 

Vi gente nova chegando todo ano. 

 

Com os profissionais mais experientes, continuo aprendendo.

 

 Engravidei (curioso engravidar e achar que todos eram quase tias/tios). Saí de licença maternidade e voltei sem ela nos braços. Os colegas do Diario ajudaram a cuidar do meu luto. 

 

Ganhei alguns prêmios jornalísticos importantes na minha trajetória - alguns nessa época. Não posso reclamar da sorte. 

 

Anos depois, numa festinha de aniversário surpresa, anunciei minha nova gravidez. “De gêmeas”. Todo mundo chorou junto conosco. Abraço coletivo. Mãe três vezes, eu continuava (continuo) sendo "Silvinha" para colegas e fontes antigas, alguns políticos sisudos de 20 anos atrás. 

 

Tenho uma matéria para cada episódio pessoal, podem acreditar. Ou será um relato pessoal para cada matéria? 

 

Estou como repórter especial deste jornal. Escrevo sobre política, se preciso, e sobretudo sobre gente. 

 

Me transformei como jornalista e - principalmente - como pessoa. É o ciclo natural do envelhecer, mas o Diario é parte de cada mudança e eu não poderia deixar de registrar a constatação, assim como citar os encontros que tive com @vandeck, Vera Ogando (a quem devo o apoio de sempre) e um tanto de gente querida que esteve ou está nesta redação. 

 

Meus ao Diario de Pernambuco, que tem a história de todos nós. Parabens por seus 190 anos. ‪#‎Diario190‬ - Foto: Paulo Paiva/DP

 

Compartilha  do facebook - publicado pela jornalista Silvia Bessa

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