PARABÉNS, "DIÁRIO DE PERNAMBUCO" ! - HOMENAGEM DA JORNALISTA SILVIA BESSA
Vivi inúmeras histórias de amor com e no Diario de Pernambuco. Tenho
40 anos; metade deles neste jornal. Nasci e renasci aqui várias vezes
como jornalista, entrevistando, escrevendo. E como mulher, namorando,
casando e sendo mãe.
Quando coloquei os pés na rua pela primeira vez
enquanto repórter do Diario, o cidadão olhou para mim e disse: “Avise a
seu chefe que não dou entrevista a uma moça que poderia ser minha neta”.
Era o folclórico Newton Carneiro.
A letra saiu tremida no papel, mas
não arredei o pé. Acho que passei a usar roupas mais sérias do que minha
idade desde então. Nessa época, eu tinha um pager bipando na cintura,
escrevia em máquina Olivetti e fazia correções com erroex.
Entrevistei
presidentes no Sertão nordestino e no gabinete oficial do Palácio da
Alvorada, em Brasília. Governadores e líderes comunitários.
Como
repórter de política, atuei uns dez anos. Depois, quis sentir emoções
com outros tipos de fontes. Deram-me asas. Sofri por anos com seu
Marcos, vítima do maior erro judicial do Brasil, que morreu no dia em
que recebeu direito à indenização. E com tantos outros desconhecidos que
dividiram comigo seus dramas. Vi pobres e, pior, miseráveis.
Tive por
várias vezes dúvidas se entrevistaria ou corria para comprar comida para
crianças que choravam.
Nas minhas andanças já não me deparo com
brasileiros famintos e esqueléticos.
Bom falar dessa evolução...
Acompanhei alegrias, como a invasão das lan houses no interior. Vibrei
com o fenômeno desconhecido pela academia e imprensa nacional.
Publicamos.
Minha vida pessoal se entrelaçava com o Diario - é preciso
dizer. Conheci pessoalmente meu marido, Vandeck Santiago,
nesta redação. Ele já era referência (ainda é: acaba de ser eleito um
dos jornalistas mais admirados do Brasil pela Maxpress e
Jornalistas&Cia/ SP). Sento na bancada ao lado dele, 24 horas
juntos.
Vi gente nova chegando todo ano.
Com os profissionais mais
experientes, continuo aprendendo.
Engravidei (curioso engravidar e achar
que todos eram quase tias/tios). Saí de licença maternidade e voltei
sem ela nos braços. Os colegas do Diario ajudaram a cuidar do meu luto.
Ganhei alguns prêmios jornalísticos importantes na minha trajetória -
alguns nessa época. Não posso reclamar da sorte.
Anos depois, numa
festinha de aniversário surpresa, anunciei minha nova gravidez. “De
gêmeas”. Todo mundo chorou junto conosco. Abraço coletivo. Mãe três
vezes, eu continuava (continuo) sendo "Silvinha" para colegas e fontes
antigas, alguns políticos sisudos de 20 anos atrás.
Tenho uma matéria
para cada episódio pessoal, podem acreditar. Ou será um relato pessoal
para cada matéria?
Estou como repórter especial deste jornal. Escrevo
sobre política, se preciso, e sobretudo sobre gente.
Me transformei como
jornalista e - principalmente - como pessoa. É o ciclo natural do
envelhecer, mas o Diario é parte de cada mudança e eu não poderia deixar
de registrar a constatação, assim como citar os encontros que tive com
@vandeck, Vera Ogando (a quem devo o apoio de sempre) e um tanto de gente querida que esteve ou está nesta redação.
Meus ao Diario de Pernambuco, que tem a história de todos nós. Parabens por seus 190 anos. #Diario190 - Foto: Paulo Paiva/DP
Compartilha do facebook - publicado pela jornalista Silvia Bessa
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