por Eduardo Maretti, da RBA
publicado
16/02/2016 19:37
Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Para deputado, Lula é perseguido pelo que representa, como Getúlio Vargas, Jango e Juscelino Kubitschek
São Paulo – A Frente Brasil Popular promove amanhã
(17), a partir das 10h, em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda, em
São Paulo, manifestação de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, quando ele e sua esposa, Marisa Letícia, são esperados para depor
na investigação sobre um apartamento tríplex no Guarujá. “O propósito é
mostrar nossa contrariedade e insatisfação com a forma seletiva e
parcial de setores da Justiça, do Ministério Público e da Polícia
Federal contra o ex-presidente Lula. A ideia é mostrar reação contra
essa investigação seletiva”, diz Raimundo Bonfim, coordenador da Central
de Movimentos Populares em São Paulo (CMP-SP), uma das entidades que
compõem a frente e organizam o ato.
Fundador da Frente Brasil Popular, Roberto Amaral, ex-presidente do
PSB, considera “importantíssimo” o ato marcado para esta quarta-feira.
“Deveria estar ocorrendo em todo o Brasil. Precisamos fazer mobilizações
de massa realmente, para barrar a tentativa de aniquilar Lula”, afirma.
A frente é composta por nais de 60 entidades dos movimentos social e
sindical, partidos políticos e lideranças da sociedade civil.
Segundo o coordenador da Frente Brasil Popular/SP, Douglas
Izzo, presidente da CUT São Paulo, a manifestação terá o caráter de
reconhecimento do papel do ex-presidente Lula "no fortalecimento da
democracia e dos avanços da sociedade brasileira".
A bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo estará na manifestação em “solidariedade e apoio” a Lula. “O promotor (Cassio Roberto Conserino)
está agindo mais como agente político do que como agente jurídico”,
avalia o deputado Alencar Santana. “O promotor já prejulgou, sem colher
todos os elementos necessários para ter uma definição, e ofereceu a
denúncia. O Lula já se manifestou inclusive em defesa tornada pública,
mas estão agindo politicamente.”
Para o deputado, Lula sofre a mesma “perseguição” que vitimou
outros governantes na história brasileira, por ser uma liderança
popular, dos trabalhadores, das minorias e das classes menos
favorecidas. “Existe uma disputa ideológica muito forte aí. Querem
pegá-lo por tudo o que ele representa, assim como outros líderes como
Getúlio Vargas, Jango, Juscelino Kubitschek, que foram perseguidos por
defender os trabalhadores.”
Segundo a deputada Beth Sahão, o ponto principal do cerco a Lula é ideológico. “Isso tudo tem como pano de fundo a luta de classes”, diz.
Na opinião do presidente do diretório municipal do PT paulistano,
vereador Paulo Fiorilo, o ato em desgravo a Lula tem importância também
como forma de combater o preconceito, a discriminação e “o ranço da
direita”, que recrudesceu após a reeleição de Dilma Rousseff em 2014. “A
ideia é mais uma vez marcar posição contrária à tentativa de
criminalização ou de acuar o PT ou o presidente Lula, em especial neste
caso, já que o promotor antecipou sua posição antes mesmo de ouvir Lula
ou dona Marisa”, diz.
Segundo Fiorilo, o ato desta quarta-feira não é isolado e faz parte
de um contexto que se pode observar desde 2015, quando movimentos
sociais e partidos progressistas foram às ruas com manifestações
expressivas em defesa do mandato conquistado por Dilma Rousseff nas
urnas. “Agora, vivemos um momento em que eles foram para cima do Lula,
possível candidato em 2018. Não podemos permitir que o presidente seja
criminalizado durante um processo em que ele nem foi ouvido. Isso não
pode ser admitido no Brasil.”
Beth Sahão afirma endossar as palavras da presidenta Dilma Rousseff,
sábado (13), no Rio de Janeiro. Dilma disse que Lula é vítima de
“grande injustiça”. “Estamos vivendo no Brasil um momento em que
primeiro se condena e depois se julga, e é isso o que estão fazendo com
Lula”, diz a parlamentar. Ela acredita que o processo tem o objetivo de
desqualificar Lula e criminalizar o PT, para “deixar a figura mais
importante do partido numa condição de tornar-se inviável em 2018. Não
há outra razão”.
A deputada reconhece que o partido cometeu erros, mas, para ela, as pessoas do PT que erraram estão sendo punidas.
Camila Lanes, presidenta da União Brasileira de Estudantes
Secundaristas (Ubes), que compõe a Frente Brasil Popular, explica que a
entidade estará presente no ato da Barra Funda “porque a gente não vê
razão jurídica (nas acusações contra Lula) e razão para todo esse
reflexo de notícias na mídia”.
MST
Em nota divulgada no início da noite, o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) afirma “repudiar a ofensiva patrocinada pelo
conluio da mídia tradicional – controlada por poucas famílias muito
ricas – com setores do Ministério Público, Poder Judiciário, Policia
Federal e a ala mais conservadora do Congresso Nacional, que busca
destituir a presidenta da República democraticamente eleita em 2014,
destruir a figura política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
criminalizar a política”.
A nota cita o manifesto assinado por centenas de advogados em
janeiro, criticando “o desrespeito à presunção de inocência, ao direito
de defesa, à garantia da imparcialidade da jurisdição”.
Fonte: RBA
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