segunda-feira, 1 de maio de 2017

" Na parede da memória, essa lembrança é o quadro que dói mais" Belchior



Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, conhecido simplesmente como Belchior (Sobral26 de outubro de 1946 – Santa Cruz do Sul30 de abril de 2017), foi um cantor e compositor brasileiro. Foi um dos primeiros cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso nacional, em meados da década de 1970.

Carreira

Durante sua infância, no Ceará, foi cantador de feira e poeta repentista. Estudou música coral e piano com Acácio Halley. Seu pai tocava flauta e saxofone e sua mãe cantava em coro de igreja. Tinha tios poetas e boêmios. Ainda criança, recebeu influência dos cantores do rádio Ângela MariaCauby Peixoto e Nora Ney. Foi programador de rádio em Sobral. Em 1962, mudou-se para Fortaleza, onde estudou Filosofia e Humanidades. Foi frade capuchinho, no convento de Guaramiranga, entre 1963 e 1966 [1]Começou a estudar Medicina, mas abandonou o curso no quarto ano, em 1971, para dedicar-se à carreira artística. Ligou-se a um grupo de jovens compositores e músicos, como FagnerEdnardo, Rodger Rogério, Teti, Cirino entre outros, conhecidos como o Pessoal do Ceará[2].

De 1965 a 1970 apresentou-se em festivais de música no Nordeste. Em 1971, quando se mudou para o Rio de Janeiro, venceu o IV Festival Universitário da MPB, com a canção Na Hora do Almoço, cantada por Jorge Melo e Jorge Teles, com a qual estreou como cantor em disco, um compacto da etiqueta Copacabana. Em São Paulo, para onde se mudou, compôs canções para alguns filmes de curta metragem, continuando a trabalhar individualmente e às vezes com o grupo do Ceará.

Em 1972 Elis Regina gravou sua composição Mucuripe (com Fagner). Atuando em escolas, teatros, hospitais, penitenciárias, fábricas e televisão, gravou seu primeiro LP em 1974, na gravadora Chantecler. O segundo, Alucinação (Polygram, 1976), consolidou sua carreira, lançando canções de sucesso como Velha roupa coloridaComo nossos pais, que depois foram regravadas por Elis Regina e Apenas um rapaz latino-americano. Outros êxitos incluem Paralelas (lançada por Vanusa) e Galos, noites e quintais (regravada por Jair Rodrigues). Em 1979 no LP Era uma Vez um Homem e Seu Tempo (Warner) gravou Comentário a respeito de John (homenagem a John Lennon), também gravada pela cantora Bianca. Em 1983 fundou sua própria produtora e gravadora, Paraíso Discos, e em 1997 tornou-se sócio do selo Camerati. Sua discografia inclui Um show – dez anos de sucesso (1986, Continental) e Vício elegante (1996, GPA/Velas), com regravações de sucessos de outros compositores

Controvérsias[editar | editar código-fonte]


Em 2005, Belchior deixou a então mulher Ângela para viver com Edna Prometheu, depois de conhecê-la no ateliê do amigo comum Aldemir Martins. Posteriormente Belchior deixou de fazer shows e abandonou bens pessoais. Enfrentou processos judiciais relacionados a pensões alimentícias de duas filhas e um processo trabalhista. Devido a esses processos, Belchior teve suas contas bancárias bloqueadas e estava impedido de retirar o dinheiro relativo aos direitos de suas músicas. O cantor se encontrava em Porto Alegre, onde morou em hotéis, casas de fãs e mesmo em uma instituição de caridade.[3]


Em 2009 a Rede Globo noticiou um suposto desaparecimento do cantor. Segundo a emissora, Belchior havia sido visto pela última vez em abril de 2009, ao participar de um show do cantor tropicalista Tom Zé, realizado em Brasília.[4]Turistas brasileiros afirmam terem-no encontrado no Uruguai em julho do mesmo ano[5]. As suspeitas foram confirmadas quando Belchior foi encontrado no Uruguai, de onde concedeu entrevista para o programa Fantástico, da Rede Globo[6]. Na entrevista, o cantor revelou que não havia desaparecido e estava preparando, além de um disco de canções inéditas, o lançamento de todas as suas canções também em espanhol.


Em 2012 ele novamente desapareceu, juntamente com a sua mulher, de um hotel 4 estrelas na cidade de Artigas, no Uruguai. Deixou para trás uma dívida de diárias e pertences pessoais.[7] Ao ser identificado passeando por Porto Alegre afirmou que as noticias sobre a dívida no Uruguai não seriam verdadeiras.[8

Morte[editar | editar código-fonte]Belchior morreu de infarto em 30 de abril de 2017, aos 70 anos, na cidade de Santa Cruz do Sul [9].[10] e o governo do Ceará emitiu uma nota de pesar[11]. A causa da morte foi rompimento da aorta, a principal artéria do corpo humano

Discografia[editar | editar código-fonte]
  • 1971 - Na Hora do Almoço (Copacabana - Compacto)
  • 1973 - Sorry, Baby (Copacabana - Compacto)
  • 1990 - Projeto Fanzine (Polygram - LP/K7)
  • 1991 - Acústico (Arlequim Discos - CD)
  • 1993 - Baihuno (MoviePlay - CD)
  • 2002 - Pessoal do Ceará (Continental / Warner - CD)
  • 2008 - Sempre (Som Livre - CD)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]
  • CARLOS, Josely Teixeira. Muito além de apenas um rapaz latino-americano vindo do interior: investimentos interdiscursivos das canções de Belchior. 2007. 278 p. Dissertação (Mestrado em Linguística - área de concentração Análise do Discurso) - Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007.
  • CARLOS, Josely Teixeira. Fosse um Chico, um Gil, um Caetano: uma análise retórico-discursiva das relações polêmicas na construção da identidade do cancionista Belchior. 686 p. Tese (Doutorado em Letras – área de concentração Análise do Discurso) - Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
  • Fonte: Wikipédia


Nenhum comentário:

Postar um comentário